
"O nosso grande problema é a qualidade dos professores. Os professores que nós precisamos para os diferentes níveis de ensino nem sempre estão disponíveis. Por exemplo, o número professores que começou este ano letivo não é o mesmo que temos agora no sistema de educação", afirmou a ministra Luísa Grilo.
A governante, falando na 18.ª edição do CAFÉ-CIPRA (Centro de Imprensa da Presidência da República de Angola), referiu situações de professores que abandonam o sistema de ensino geral e seguem para outros setores da função pública, nomeadamente para o subsetor do ensino superior, "por alguma razão só eles poderão dizer".
Apontou um caso na província do Namibe, onde mais de 50 professores que lecionavam no ensino secundário, seguiram para o ensino superior e "deixaram lacunas" para o setor que dirige.
"Quando o professor sai não é só uma questão de preencher a vaga, é uma questão de continuidade do processo docente educativo que fica comprometido (...). Portanto, dificilmente os programas são cumpridos a 100%, este é um dos indicadores que faz com que a qualidade do ensino também baixe", argumentou.
Luísa Grilo disse que pelo menos 18 mil professores foram formados em Angola nos últimos cinco anos, e que a maior parte foi colocada em zonas recônditas, onde há mais necessidades de docentes, mas meses depois abandonam as escolas.
"Porque é lá [nas zonas recônditas] que temos a necessidade de professores, mas abandonam, trabalham três meses, recebem o salário e subsídios, mas depois de algum tempo abandonam as escolas sem dar satisfação e lá ficamos sem professores", lamentou.
A ministra da Educação de Angola, que foi uma das oradoras do CAFÉ-CIPRA que abordou hoje o tema "Juventude, Orgulho Nacional e Produtividade", reconheceu também "insuficiências graves" no sistema de ensino em Angola.
"Reconhecemos sim que temos insuficiências graves", dando nota que decorre um trabalho de reformulação de todo o sistema educativo com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
O Governo angolano assinou um protocolo com a UNESCO no domínio da transformação curricular "exatamente para que possamos com as falhas identificadas e os pontos fracos já identificados podermos, então, melhorar o nosso curriculum escolar", respondeu quando questionada por um jornalista.
"Estamos a fazer a revisão curricular, por esta altura, de todos os programas e gostaríamos de receber contribuições e podermos, então, fazer junto este percurso de melhoria", frisou, pedindo ainda a contribuição de todos os atores da sociedade civil para a melhoria da situação.
A falta de Infraestruturas, de carteiras, material didático e de recursos humanos qualificados constituem alguns dos desafios da educação em Angola, conforme abordagens públicas de partidos políticos e sindicatos da classe.
Os ministros da Juventude e Desportos, Rui Falcão, da Administração Pública e Segurança Social, Teresa Dias, e o presidente do Conselho Nacional da Juventude, Isaías Calunga, foram os outros oradores desta edição do CAFÉ-CIPRA.
DAS // ANP
Lusa/Fim
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