"Efetivamente, precisamos de operadores e emitentes audazes como o iib, para trazer novas dinâmicas ao nosso mercado, com produtos financeiros inovadores que vão ao encontro da nossa ambição de desenvolver o mercado de capitais cabo-verdiano", disse, na cidade da Praia, o presidente da Bolsa e Valores de Cabo Verde (BVCV), Miguel Monteiro, durante a apresentação do resultado da oferta particular de subscrição de um empréstimo obrigacionista ao iibCV, no valor de 290 milhões de escudos cabo-verdianos (2,6 milhões de euros).

Denominado Credit Linked Nots (CLN) -- iib Prae - Programa de Reestruturação e Apoio à Economia, esta é uma operação nova, com maturidade de cinco anos e uma taxa de juros de 5%.

Miguel Monteiro explicou que os CLN são produtos financeiros complexos que habitualmente são emitidos por instituições financeiras, com vista a mitigar parcial ou totalmente os seus riscos de crédito com uma ou várias entidades de referência.

Segundo o responsável, esta emissão tem a particularidade de o pagamento de juros e capital, em caso de não ocorrência de um evento de crédito, ser efetuado trimestralmente, enquanto habitualmente é feito semestralmente.

Ainda de acordo com o presidente da BVCV, esta é a terceira operação de financiamento do iibCV em menos de quatros meses, sendo duas emissões de obrigações e uma de CLN, totalizando 790 milhões de escudos (7,1 milhões de euros).

Para o presidente da comissão executiva do iibCV, Francisco Ferreira, os benefícios deste tipo de investimento possibilitam conjugar características de várias operações, de uma forma total ou parcial, para facilitar investidores qualificados e com maior experiência no mercado ganharem uma exposição a algo que antes não era possível no mercado cabo-verdiano.

"A inauguração deste derivado abre a porta ao processo de democratização do acesso a este tipo de instrumentos, e alarga o leque de ativos investíveis disponíveis em Cabo Verde", salientou o banqueiro, para quem o aumento de escolha para o investidor representa maior valor acrescentado.

"Continuaremos, no exercício das nossas funções, a procurar criar novos instrumentos financeiros em Cabo Verde, e com este exercício pautar o mercado de capacidade de os seguir com outras utilidades que, como um todo, adicionem ainda mais valor para o crescimento da economia", prometeu ainda o responsável.

Em agosto, o banco realizou um empréstimo obrigacionista de 230 milhões de escudos (dois milhões de euros) para reforçar os fundos próprios complementares.

Tratou-se da primeira operação em formato híbrido, prevendo uma maturidade a 10 anos e a particularidade de uma taxa de juro que pode ser incrementada em função do desempenho do banco, tendo sido subscrito por uma única entidade.

De acordo com o presidente do banco, o iibCV apresentava no final de 2021 um rácio de solvência de 31% e está "muito acima" dos padrões nacionais e internacionais "em termos de disponibilidade de capital para assumir risco".

Os lucros do iibCV, banco liderado pelo grupo iib do Bahrain e participado em 10% pelo Novo Banco português, aumentaram 77% em 2021, para três milhões de euros, o melhor resultado da história da instituição.

Segundo o relatório e contas de 2021, o iibCV prevê a aplicação deste resultado apenas em reservas legais (10%) e outras reservas (90%), sem distribuir dividendos, tal como já tinha acontecido em 2019 e 2020 para precaver repercussões económicas da pandemia de covid-19.

Até 2019 designado por Banco Internacional de Cabo Verde (BICV) e antes Banco Espírito Santo Cabo Verde, o iibCV iniciou a atividade em julho de 2010 e até meados de 2018 foi integralmente detido pelo Novo Banco de Portugal.

Em 11 de julho de 2018, após aprovação das entidades de supervisão, 90% das ações representativas do capital social foram adquiridas pelo iib Group Holdings WLL (iibGroup), com sede no reino de Bahrain, que tem como objetivo adquirir e administrar ativos bancários no Oriente Médio e em África.

A mudança de marca de BICV para iibCV só foi concluída em meados de 2019, com o Novo Banco (através do Novo Banco África) a manter-se como parte da estrutura acionista, com uma participação minoritária de 10%.

Com um capital social de 1.433 milhões de escudos (13 milhões de euros), o iibCV tem atualmente presença física nas ilhas de Santiago e do Sal e conta com cerca de 40 trabalhadores.

RIPE (PVJ) // LFS

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