Os dados foram anunciados pelo presidente da Cabo Verde TradeInvest, José Almada Dias, no final do 4.º fórum de investimento, que decorreu durante dois dias na ilha do Sal, indicando que esse valor -- as previsões iniciais eram de dois mil milhões de euros -- são de projetos distribuídos em seis ilhas, sendo 90% são do setor turístico e da imobiliária turística.

Para o presidente do parceiro na organização do evento, são "resultados excelentes", que demonstram o interesse dos investidores por Cabo Verde, esperando agora que todas as convenções de estabelecimentos sejam concretizadas.

O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, sublinhou a contratualização dos investimentos num contexto difícil de uma tripla crise, climática, pandémica e de guerra na Ucrânia, dizendo também esperar que os compromissos sejam materializados.

"Este fórum acabou por representar um espaço de parceria, de diálogo, de engajamento, de aproximação, entre promotores privados, instituições financeiras, parceiros internacionais e o Governo", disse o governante, mostrando-se, por isso, "satisfeito" com os resultados.

"Penso que foi um fórum muito útil, muito proveitoso, foram feitos negócios importantes, contactos relevantes, a nossa tarefa agora é trabalhar para fazer acontecer", desafiou o membro do Governo cabo-verdiano, o organizador.

O presidente da Cabo Verde TradeInvest avançou que o fórum contou com 372 participantes inscritos - a expectativa era de 200 - 18 instituições financeiras, sendo sete nacionais e 11 internacionais, e 23 parceiros.

Com oito empresas de comunicação social presentes, 11 expositores nacionais, 81 promotores de projetos -- 37 nacionais e 44 internacionais -- 60 encontros só no primeiro dia, o evento contou ainda com a apresentação de oito projetos privados na plenária, cobrindo os setores do turismo, economia azul, economia verde e economia digital.

Com o lema "Cabo Verde is Open to the World" ('Cabo Verde está aberto ao Mundo'), o Cabo Verde Investment Fórum (CVIF) pretendeu ser "um instrumento privilegiado de mobilização de investimentos para o setor privado cabo-verdiano", promovendo o acesso dos empresários e promotores nacionais aos mercados de capitais nacionais e internacionais.

Nesta quarta edição, estiveram em destaque, como os principais eixos de desenvolvimento sustentável do país, os setores da Economia Digital, Economia Azul, Energias Renováveis, Transporte Marítimo e Aéreo, Serviços Financeiros, Agro-negócio e Turismo.

O fórum regressou ao país após duas edições realizadas no estrangeiro, sendo organizado pelo Governo, em parceria com a Cabo Verde Tradeinvest, entidade pública que promove a captação de investimento estrangeiro para o arquipélago.

A primeira edição realizou-se também na ilha do Sal, em julho de 2019, seguiu-se, em setembro de 2019, em Boston, e terceira edição do evento foi realizada em fevereiro último, no Dubai, no âmbito da participação do país na Expo 2020 Dubai.

Cabo Verde vive uma profunda crise económica, após uma recessão de quase 15% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, face à ausência de turismo provocada pela pandemia de covid-19, setor que garante 25% do PIB e do emprego do país.

O Governo cabo-verdiano admite que a economia possa ter crescido entre 6,5 e 7,5% em 2021, impulsionada pela retoma da procura turística, e prevê 6% de crescimento em 2022, que foi revista para 4%, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia.

Na semana passada, o Banco de Cabo Verde (BCV) anunciou a revisão em baixa e uma moderação do crescimento económico para 2022 no intervalo de 3,5% a 4,5%, justificada com o conflito na Ucrânia e a tensão geopolítica.

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