A Petrobras informou, em comunicado ao mercado, que "iniciou a fase de divulgação da oportunidade" para as empresas interessadas em adquirir a sua participada.

A Liquigás, que está presente em 25 dos 27 estados do Brasil, já tinha sido colocada à venda em 2016, mas o negócio foi suspenso no início do ano passado pelo Conselho Administrativo de Defesa Económica, a entidade responsável pelo combate à formação de monopólios (regulador da concorrência).

A empresa distribuidora de GPL, detida a 100% pela petrolífera estatal brasileira Petrobras, conta com 23 centros operativos, 19 depósitos, centros de armazenamento e carga por estrada, e tem uma rede de aproximadamente 4.800 revendedores autorizados.

A venda da Liquigás enquadra-se num programa de alienações anunciado pela Petrobras em 2015, para fazer face ao retrocesso dos resultados, aumento da dívida, queda dos preços do crude, às dificuldades causadas pela grave crise económica que atravessou o país e pelo maior caso de corrupção do Brasil, do qual o próprio grupo petrolífero estatal foi protagonista.

O Brasil sofreu em 2015 e 2016 a maior recessão da sua história, com uma redução acumulada do Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de sete pontos percentuais. A economia começou a recuperar em 2017, embora ainda com um ligeiro crescimento de 1,1%, percentagem que se manteve em 2018.

A primeira vez que a Petrobras tentou vender a sua participada responsável pelo negócio do GPL foi em novembro de 2016.

Naquele ano, a estatal anunciou a venda da Liquigás à Ultragaz, uma participada do grupo Ultrapar, por 2.800 milhões de reais (cerca de 718 milhões de dólares).

Porém, o negócio foi travado no início de 2018 pelo Conselho Administrativo de Defesa Económica, que argumentou que a venda representaria um sério risco em termos de concorrência no mercado de gás de cozinha.

Com a compra da Liquigás, a Ultragaz passaria a controlar 45% do mercado nacional de gás de cozinha, ficando com uma participação até maior em alguns estados.

No novo processo de venda, a maior companhia do Brasil assegurou que incluirá critérios que garantam a concorrência.

"Trata-se de um novo processo competitivo com a inclusão de critérios que procuram garantir a competitividade e autonomia do processo, ao mesmo tempo que reduz o risco de concentração de mercado", sublinhou a empresa em comunicado.

Por isso, a petrolífera estatal define que as empresas que atuam no mercado brasileiro de distribuição de GPL e que têm uma quota de mercado superior a 10% só poderão participar na compra de Liquigás como parte de uma oferta conjunta e não poderão adquirir individualmente uma parcela correspondente a mais de 40% do volume de vendas da Liquigás.

Fundada em 1953 e com sede em São Paulo, a Liquigás foi adquirida pela Petrobras em agosto de 2004 e opera como uma empresa independente desde então.

A Liquigás tem 22% de quota de mercado do GPL no Brasil e registou, em 2018, lucros de 148 milhões de reais (cerca de 37,9 milhões de dólares).

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