Os jovens foram formados no quadro dos projetos lançados após a estabilização da situação de segurança com a chegada de tropas estrangeiras em 2021, no âmbito dos esforços para criar oportunidades para a juventude e evitar recrutamentos pelos grupos armados que têm protagonizados ataques naquela província, declarou à comunicação social, em Maputo, Oswaldo Petersburgo, após uma reunião com o secretário de Estado do Trabalho de Portugal, Miguel Fontes, que realiza uma visita a Moçambique.

Segundo o secretário de Estado da Juventude e Emprego de Moçambique, os esforços para proporcionar oportunidades começam a surtir efeito, na medida em que a juventude de Cabo Delgado está a ter um papel crucial na reconstrução da província.

"As casas e infraestruturas públicas, incluindo estradas, que foram destruídas estão a ser reconstruídas por jovens, num modelo de formação e produção", declarou Oswaldo Petersburgo, destacando o papel de Portugal na componente da capacitação dos formadores.

Na visita de trabalho de Miguel Fontes a Moçambique, a componente de formação voltou a ser debatida em Maputo, com as duas partes a reiterarem a necessidade do reforço da cooperação, estando em carteira vários projetos, incluindo um possível financiamento para construção de um centro de formação profissional na ilha de Moçambique (Nampula), onde a cooperação portuguesa apoia diversos projetos.

"Portugal tem interesse em ajudar Moçambique a responder localmente aos anseios da sua população mais jovem, em função das prioridades do Governo [...] Estes jovens são essenciais para o desenvolvimento de Moçambique", declarou à comunicação social em Maputo Miguel Fontes.

O desemprego e a falta de oportunidades - nomeadamente nos investimentos emergentes ligados ao gás - têm sido apontados por diversos observadores como algumas das causas de recrutamento.

Nos últimos tempos, várias entidades têm estado a anunciar projetos que visam criar oportunidades para a juventude da região, incluindo o Governo, que criou a Agência de Desenvolvimento do Norte (ADIN) para a operacionalização de projetos de desenvolvimento social, mas o problema persiste.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.

EYAC // JH

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