"Estou peticionando agora, durante a noite, junto ao inquérito dos atos antidemocráticos, uma petição com o seguinte teor e seguinte sentido. Primeiro, que a senhora Michelle Bolsonaro seja indiciada no âmbito deste inquérito", afirmou numa entrevista àCNN Brasil, após uma série de atos violentos realizados por apoiantes do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, em Brasília.
"Segundo, se está ocorrendo neste momento, ocupação no Palácio da Alvorada, ela cesse imediatamente com o uso da força policial que seja necessário", acrescentou.
A inclusão de Michelle Bolsonaro na investigação, segundo Rodrigues, baseia-se nas suspeitas de ter mandado entregar comida a manifestantes 'bolsonaristas' que permaneceram perto do Palácio da Alvorada, residência oficial do governante brasileiro, pedindo intervenção militar para impedir a posse do Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
As redes sociais estão repletas de vídeos em que um segurança das instalações presidenciais aparentemente entrega comida aos manifestantes em nome da primeira-dama.
Rodrigues disse que a petição também pede que "os atos terroristas na capital da República, sobre a iminente ameaça a incolumidade física dos brasilienses [moradores de Brasília] e também sobre a iminente ameaça sobre a posse do Presidente da República [Lula da Silva] sejam dispersados e seus líderes sejam devidamente indiciados".
Pelo menos 13 veículos, incluindo cinco autocarros foram total ou parcialmente queimados por apoiantes de Bolsonaro e uma pessoa ficou ferida nos distúrbios ocorridos na noite de segunda-feira em Brasília, segundo um balanço preliminar dos bombeiros.
A região central de Brasília acordou com segurança reforçada e cortes de trânsito em alguns pontos.
Os 'bolsonaristas' também destruíram fachadas de prédios, demoliram placas de trânsito e queimaram contentores de lixo numa área hoteleira onde Lula da Silva está hospedado.
Os distúrbios surgiram na sequência da detenção de um indígena identificado como José Acácio Tserere Xavante, por decisão do Supremo Tribunal Federal, por ter participado em manifestações antidemocráticas.
Desde a segunda volta das presidenciais, em 30 de outubro, milhares de apoiantes de Bolsonaro saíram à rua para protestar contra o resultado das eleições e exigir "a intervenção" dos militares para impedir a tomada de posse de Lula da Silva.
À frente do quartel-general do exército, em Brasília, está concentrada a maior manifestação de 'bolsonaristas', que criaram uma autêntica 'cidade paralela', a partir da qual exigem uma intervenção militar para revogar o resultado eleitoral.
Montado há mais de um mês, na noite da vitória de Lula da Silva nas presidenciais, o acampamento, com tendas a perder de vista, tem evoluído e transformou-se numa pequena cidade, cuja missão é impedir a tomada de posse de Lula da Silva a 01 de janeiro.
No meio do acampamento existe a 'rua da restauração', onde se encontra um pouco de tudo, desde açaí, pastéis, queijo da canastra e churrasco, entre outras iguarias da culinária brasileira.
Mas não só: dezenas de casas de banho encontram-se espalhadas pelo acampamento, que ainda tem 'lojas' para os mais variados gostos, de forma a que nada falte aos autodenominados patriotas. Cabeleireiros, lojas de roupa onde se vendem camisolas da seleção canarinha, mas também camuflados, lojas de brinquedos, 'igrejas' católicas e evangélicas e até uma cantina para os mais carenciados.
Patrulhas, muitas das quais em camuflados, andam pelas ruas da 'cidade' para controlarem e garantirem a ordem.
Na segunda-feira, milhares de apoiantes de Bolsonaro concentraram-se, no jardim do Palácio da Alvorada, residência oficial do chefe de Estado do Brasil, naquele que consideraram ser "o dia D" para impedir que Lula da Silva suba a rampa.
A poucos quilómetros de distância decorria a cerimónia no Tribunal Superior Eleitoral, durante a qual Lula da Silva e o vice-Presidente eleito, Geraldo Alckmin, receberam os diplomas que confirmam a vitória nas eleições presidenciais de outubro e os tornam aptos para assumirem os respetivos mandatos em 01 de janeiro de 2023.
Jair Bolsonaro encontrou-se com os manifestantes junto ao Palácio da Alvorada, acompanhado por um padre que pregou aos apoiantes.
CYR (MIM) // PJA
Lusa/Fim
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