
"Já não há [pessoas a pernoitar no imóvel], mas nos últimos dias ainda havia algumas pessoas exatamente porque nós não as retirávamos para pôr na rua", afirmou Carlos Moedas (PSD) aos jornalistas à margem da inauguração da Creche Almada Negreiros, na freguesia dos Olivais.
Na quarta-feira, a Junta de Freguesia de Arroios, com o apoio da Polícia Municipal de Lisboa, identificou um alojamento ilegal que funcionava na cave de um restaurante desativado, sem condições de habitabilidade e que albergava cerca de 30 imigrantes indostânicos.
Em declarações à agência Lusa, na quinta-feira, a presidente da Junta de Freguesia de Arroios, Madalena Natividade (independente eleita pela coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), disse que estava em curso o realojamento destes imigrantes por parte da Câmara Municipal e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Na sexta-feira, numa visita ao local, o presidente da Câmara de Lisboa indicou que "muitos" dos 30 imigrantes ainda permaneciam no alojamento ilegal.
Hoje, cinco dias depois do início do desmantelamento deste alojamento ilegal em Arroios, com a retirada das pessoas que lá pernoitavam, Carlos Moedas reforçou que na base deste processo está "a identificação de um crime, ou seja, uma pessoa que utilizava uma loja como habitação".
Indicando que a autarquia já fez "mais de 400 fiscalizações" a bares, restaurantes e lojas relativamente ao uso destes espaços para habitação, o autarca do PSD frisou que "as pessoas têm de cumprir a lei" e sublinhou que o proprietário do imóvel disponibilizado como alojamento ilegal em Arroios "não estava a cumprir a lei, portanto é crime", e as autoridades foram notificadas.
"Obviamente que, imediatamente, através dos nossos serviços sociais, através da Santa Casa da Misericórdia, estamos com cada uma das pessoas que lá estavam para encontrar soluções. Para muitas já se encontraram soluções, até porque muitas destas pessoas trabalham, têm os seus salários, estavam apenas a ser enganadas pelo proprietário", declarou.
Referindo que o apoio a estes imigrantes foi tratado "caso a caso" para os poder retirar do local, Carlos Moedas reconheceu que o processo "demorou alguns dias", mas adiantou que, neste momento, "já não está lá ninguém" a pernoitar no alojamento ilegal em Arroios.
"Estas situações indignas não podem existir na cidade e, portanto, vamos continuar a trabalhar. [...] Eu não faço este tipo de ações deixando as pessoas na rua. As pessoas não ficam na rua. Aliás, ninguém está na rua das pessoas que lá estavam e, portanto, está tudo tratado com a ajuda também de parceiros, como é o caso da Santa Casa, que se disponibilizou imediatamente", afirmou.
A Lusa contactou a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), que confirmou que está a acompanhar esta situação, mantendo-se "em articulação permanente" com a Câmara de Lisboa.
Disponível para dar resposta a qualquer solicitação de realojamento de emergência que possa surgir, a SCML não teve, até às 15:45 de hoje, registo de qualquer pedido de ajuda entre os cerca de 30 imigrantes que estavam no alojamento ilegal em Arroios.
SSM (RCS) // MCL
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