A decisão foi tomada depois das 15:00 locais (14:00 em Lisboa) e após os reis Felipe VI e Letizia terem abandonado a localidade de Paiporta pouco antes, no seguimento dos protestos com que foram recebidas as autoridades, noticia a agência espanhola Efe.

A comitiva onde seguiam foi recebida com apupos e insultos pela população de Paiporta, tendo o monarca sido também atingido com lama.

Imagens de televisão mostraram muitas pessoas indignadas a receberem a comitiva com insultos e confrontaram-nos, enquanto o rei e a rainha tentaram mediar com os jovens que os abordaram.

O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, abandonou a comitiva presidida pelos reis na sua visita à localidade quando foi ativado o protocolo de segurança.

Felipe e Letizia, acompanhados por Pedro Sánchez, pelo presidente da Generalitat, Carlos Mazón, e pela delegada do governo na Comunidade Valenciana, Pilar Bernabé, estiveram pouco antes no posto de comando avançado instalado em Paiporta, uma das localidades mais atingidas pela intempérie, que já fez 217 mortos.

O cortejo foi interrompido e o monarca e Carlos Mazón foram separados dos restantes. Enquanto caminhavam, dezenas de pessoas gritaram insultos e atiraram-lhes objetos e lama.

Ouviram-se gritos de "assassinos", "saiam daqui", "socorro", "Mazón demite-te" ou "Pedro Sánchez demite-te".

Apesar de terem sido atingidos por lama, tanto Felipe VI como Letizia permaneceram na zona durante mais de uma hora, ouvindo queixas dos afetados e consolando quem os abordou.

Os habitantes esperavam que o rei e a rainha continuassem a sua visita a Chiva, mas a decisão conjunta das instituições foi de a suspender.

Paiporta, uma cidade de cerca de 25.000 habitantes nos arredores de Valência, foi uma das mais afetadas por uma "depressão isolada em níveis altos", um fenómeno meteorológico conhecido como DANA em espanhol e como DINA em português.

Estava previsto que a comitiva se deslocaria de seguida a Chiva, outra cidade perto de Valência que foi duramente atingida pela tragédia.

A visita aconteceu numa altura em que a Agência Meteorológica Espanhola (Aemet) emitiu um novo alerta laranja para chuvas fortes na região de Valência, onde poderão cair até 100 litros de água por metro quadrado.

Foi igualmente emitido um alerta vermelho - sinónimo de perigo extremo - para a província de Almeria, na Andaluzia (sul), devido ao risco de inundações.

O leste de Espanha, em especial a região de Valência, foi atingido na terça-feira pela intempérie que causou, provavelmente, as maiores inundações da Europa neste século, disse no sábado o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que reconheceu haver uma "situação trágica" na região de Valência e anunciou o envio de mais 5.000 militares para o terreno e de mais 5.000 elementos das forças de segurança.

Com este reforço, há já mais de 7.000 militares nas zonas afetadas pelas cheias e 10.000 elementos da Polícia Nacional e da Guarda Civil, no maior dispositivo de forças do Estado jamais mobilizado em Espanha em tempos de paz.

O primeiro-ministro disse que as prioridades neste momento, no terreno, continuam a ser salvar vidas, recuperar e identificar cadáveres e restabelecer os serviços básicos.

Os trabalhos das equipas de resgate estão a concentrar-se agora em garagens e parques de estacionamento que ficaram alagados e onde permanecem submersos milhares de carros.

Além das vítimas mortais, o temporal causou danos em infraestruturas de abastecimento, comunicações e transportes.

JO (RCP/MP) // VM

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