Na época passada o Sporting, ao tirar três pontos ao Benfica, favoreceu indiretamente os campeões. Desta vez aguardava-se com grande expectativa o resultado final do clássico Sporting-FC Porto. Nestes jogos os “inimigos” transformam-se em aliados. Ontem, teoricamente, o Sporting teve nove milhões de adeptos a torcerem para que os leões travassem os dragões. O 0-0 final agradou a gregos e a troianos.
Dada a ótima prestação do campeão nos jogos anteriores, dizia-se «este Porto é uma máquina, é uma equipa homogénea, autoritária, dominadora, e confiante. E que mesmo perante a ausência de qualquer individualidade, a estrutura coletiva não oscilava». Ontem não sei se foi a exceção, mas ficou provado que pela falta de João Moutinho e até Mangala a produção e a qualidade do futebol azul e branco baixou de nível. Porque João Moutinho é o motor e Mangala é decisivo na segurança defensiva e na finalização de lances de bola parada.
Certamente, pela ausência dos jogadores já referidos e pela notória quebra física de Jackson o FC Porto não explanou os habituais mecanismos. Teve imensa posse de bola, mas praticou um futebol previsível, insuficiente para criar ruturas na defesa do Sporting. Rematou muito, mas sem oportunidades de golo. Ao invés, o Sporting teve duas flagrantes.
Jesualdo criou uma estratégia defensiva para anular o futebol apoiado e a habitual progressão da equipa do Porto. O professor surpreendeu ao deixar no banco dois dos melhores elementos da atualidade: Zézinho e Bruma. A ideia de colocar Adrien e Eric juntamente com Rinaldo no meio campo era boa, mas nem sempre resultou. Durante a primeira parte faltou a este trio fazer pressão nas ações defensivas sobre os adversários, os quais trocavam a bola à sua vontade. Nas saídas para o contra ataque faltou qualidade de passe e de ritmo. Adrien e Rinaldo são muito lentos. Eric, que na fase inicial falhou alguns passes, foi o jogador mais esclarecido do setor. Excelente o passe que isolou Wolfswinkel.
Apesar das boas intenções, o professor não foi feliz ao preterir Bruma a favor de Labyad. O marroquino não tocou mais de seis vezes na bola, é muito pouco. E ainda por cima saiu insatisfeito. Contudo, Jesualdo fez duas substituições que resultaram. As entradas de Carrilho e de Bruma trouxeram mais velocidade e mais técnica ao futebol leonino. E nos últimos minutos, mesmo só com dez jogadores o Sporting esteve mais próximo do golo do que o FC Porto.
O FC Porto realizou uma exibição que deixa muito a desejar. Esta atuação foi parca em encontrar soluções para marcar. Como dizia o saudoso Pedroto, 'faltou-lhes os últimos trinta metros'. O Sporting tem ótimos alunos à disposição do professor. O embaraço não está na experiência ou na inexperiência, está sim no aproveitamento da qualidade individual para formar um todo.
Nas minhas crónicas evito falar de arbitragens. Desta vez, dada a atuação do senhor Paulo Baptista, quase abria uma exceção. Contudo, prefiro deixar a análise do seu desempenho ao cuidado dos leitores.
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