Nestes encontros a eliminar, as equipas idealizam obter o melhor resultado possível. A anfitriã procura não sofrer golos e marcar o máximo, enquanto a visitante tem em mente conquistar pelo menos o empate, e se possível com golos. Porque acredita que no seu estádio a eliminatória se resolve a seu favor.

Estes teóricos projetos de intenção, a concretizarem-se, são, de facto, os ideais. Mas, muitas das vezes, isso na prática não acontece, dadas as incidências próprias do futebol, o qual é complexo e imprevisível quanto ao resultado final. Nesta altura da prova o equilíbrio entre as equipas é uma realidade. O favoritismo de ganharem em casa já não é tão usual. Pois nos seis jogos já realizados, só o Porto venceu em casa.

A resolução está na origem do resultado final e este depende da correta interpretação das estratégias apresentadas. Da segurança defensiva, da criativa evolução atacante e, sobretudo, da eficácia. Ontem, o Málaga jogou num 4X4X2 clássico, que indiciava uma grande preocupação defensiva. A intenção era anular os pontos fortes dos Dragões. Iturra fez marcação cerrada a Moutinho e Toulalan vigiava de perto Lucho. Ambos foram demasiados viris nos duelos, se passava a bola, não passava o homem. Joaquin tentou evitar os avanços de Alex Sandro e não infletia. Isco, sem características defensivas, abria alas a Danilo. 
Defensivamente, o Málaga quase cumpriu. Mas ofensivamente não existiu. Helton não realizou uma defesa. Joaquin defendia mais do que atacava. “Isco” não pescou nada. Júlio Baptista e Roque Santa Cruz deveriam estar zangados, pois nunca se entenderam. Estes dois profissionais não fizeram nada. Nem um drible, nem uma jogada de perigo. Nem um remate à baliza. Francamente...
O Porto, que normalmente controla o jogo com o seu futebol bem estruturado, onde a circulação de bola enleia os adversários, beneficiou da superioridade numérica na zona intermédia, com quatro elementos perante dois opositores. Izmailov, sempre muito ativo, percorria alternadamente as zonas central e lateral. Iturra e Toulalan foram insuficientes para travar o andamento e a constante movimentação do futebol azul e branco.
De tanto correrem atrás dos adversários, Iturra, Toulalan e Joaquin “deram o berro”. Joaquin, que durante algum tempo evitou os avanços de Alex, foi-se desgastando e na jogada do golo já não tinha pernas para o acompanhar. A liberdade dada aos laterais neste caso foi fatal. Digo neste caso porque Danilo na primeira parte deveria ter executado melhor os três remates, os quais poderiam dar golo. 
Face à colocação do quarteto defensivo do Málaga. Vítor Pereira treinou bem os jogadores para que estes não caíssem no fora de jogo. O que só aconteceu por duas vezes. Previa-se que este posicionamento iria proporcionar golos ao Porto. 
E foi assim que os Dragões marcaram o golo. 
O Porto encarou este jogo com determinação, personalidade, confiança e rigor. Venceu com todo o mérito. Para além do golo marcado, poderia ter concretizado pelo menos mais dois. Em Málaga os campeões nacionais, se se exibirem como o fizeram ontem, alcançarão um resultado positivo. 
Os Dragões apresentaram ontem um coletivo muito forte, o qual gerou um futebol agradável e que encanta os espetadores. Um coletivo que realçou os processos de jogo e as exibições individuais. Entre estas, é justo destacar a de João Moutinho, o qual é um autêntico arquiteto que traça o jogo a régua e esquadro.