A subjectividade com que se valoriza ou se despreza as pré-épocas estão muito dependentes dos objectivos que as mesmas apresentam para os seus treinadores e para as equipas. No caso do Benfica e de Rui Vitória, a pré-época está muito – ou quase toda – dependente do planeamento que foi levado a cabo para que fosse realizada fora do país em climas bastante diferenciados do nosso. No entanto, os especialistas na área dizem que isso pode ter algum impacto, mas que facilmente pode ser recuperado com as melhores práticas a esse nível.
O que não tem muitas práticas ajustadas é o modo como os adeptos vivem a pré-época e se a mesma está cheia de vitórias e reforços. O que no caso do início da pré-época do Benfica, são duas coisas que não têm andado muito para o lado da Luz. Resta saber se os reforços ou os não reforços neste caso, fazem parte de um outro planeamento que não incluía reforços enquanto elementos-chave saíssem. Quantos às vitórias e bons resultados, não sendo o prioritário neste momento da época desportiva, são sempre melhores do que as derrotas.
Mas pior que as não vitórias, são as incertezas que os treinadores e o estado de maturação das equipas vivem nestas alturas. Percebe-se o que quis afirmar Vitória quando disse que seria ‘desajustado’ que tudo já estivesse bem nesta altura. E sim, era estranho. A questão é saber que quando chegou ao Benfica, o treinador teria sempre um dilema. Maior ou menor, dependia bastante do que iria decidir sobre os modelos, sistemas, planos de acção, etc.
Todas as equipas nestas alturas vivem estes dilemas de decisão. O que manter, o que alterar, como o realizar, o que retirar, e acima de tudo, como estas alterações vão ser comandadas pela equipa técnica. A chegada de qualquer treinador ao Benfica traria sempre um dilema pós-Jorge Jesus. Seis anos de trabalho numa direcção ficam sempre enraizados. Quer as coisas boas quer as menos boas. Jogadores e processos de grupo que já estavam cimentados e com níveis de eficiência bastante positivos em alguns dos casos.
Como fazer então? Certamente, e perante a necessidade de entrar a doer logo no dia 9 de Agosto, o que deve passar na cabeça da equipa técnica do Benfica é como fazer, quanto tempo demorará, se existem elementos para as mudanças que se pretendem realizar e mais importante: aceitar e fazer os outros acreditar, que qualquer mudança implicará um momento de luto entre algo onde se estava e o momento até se começar a chegar onde se quer. Isto não implica que se consiga, mas o que diz a prática é que sem estes momentos…muitos degraus ficarão por pisar.
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