Em Portugal leva-se esta questão de elogiar Guardiola muito a ‘peito’, provavelmente pelos desafios e constantes combates entre o Barcelona e Real Madrid. Pode ser que para o ano haja mais, mas agora por terras inglesas.
Mas voltando a Guardiola, mesmo com o desaire da passada 4ª feira e com a missão bastante difícil de superar o seu ex-Barcelona, Guardiola é quanto a mim, marcante no que é isto de ser treinador. Alguém que, mesmo que não venha a ganhar mais nada no futuro, marcou uma era que deixará escola. E isso vale muito mais do que ‘apenas’ resultados, campeonatos ou taças. Há um novo modo de ver o futebol graças a este catalão, goste-se ou não da posse de bola. Ou de algo ainda mais profundo na minha opinião, que é a inclusão a quase toda a linha, de uma maior partilha da tomada de decisão para os jogadores.
Tal como há um antes e pós José Mourinho, especialmente numa abordagem ainda mais agregada em termos emocionais e como o treinador tem ainda mais impacto nos seus jogadores e nos outros ‘apenas’ com o que diz, também Guardiola instituiu uma nova forma de encarar o que é o jogo de futebol.
Por quanto mais tempo irá permanecer não sabemos. Não sabemos também quantos mais títulos irá vencer ou perder, mas esta abordagem de treinar os seus jogadores e equipa para perceber o jogo primeiro e somente após isso, decidir, irá permanecer bem mais presente do que levar um conjunto de pré-respostas formatadas e aplicá-las quase como orientadas por uma voz centralizadora e superior.
Um dos melhores treinadores de Basquetebol que tivemos em Portugal dizia-me em tempos que certo dia teve bastante dificuldade em aceitar que a sua ex-equipa, de onde tinha saído, continuava tão forte ao ponto de o ter vencido na época seguinte no clube onde ele estava. Esta semana podemos ter aqui um caso interessante.
Luís Enrique, um atleta de triatlo e que pode ajudar a perceber a sua astucia e a solidão de ser treinador, apresentou na passada 4ª feira uma espécie de upgrade do futebol que Guardiola deixou em Barcelona. Goste-se ou não se goste o futebol e o desporto precisam de treinadores que deixem boas marcas e algo para ficarmos a apreciar, debater e a querer sempre fazer melhor.
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