As quatro equipas mais fortes de Portugal reúnem-se, em Leiria, para disputar a final-four da Taça da Liga: primeiro, Sporting CP e FC Porto medem forças, depois é o SC Braga e o SL Benfica a entrar em campo e definir quem será o segundo finalista. Por se tratarem de conjuntos de valia semelhante, a imprevisibilidade é garantida, e desse ponto de vista teremos uma semana em cheio no futebol nacional, embora não esteja em causa a competição mais importante da temporada.

Contudo, embora sejam efetivamente as quatro equipas mais fortes do país – aquelas que reúnem os melhores jogadores e que disputam os títulos –, não é menos verdade que os quatro emblemas não chegam na sua melhor fase a esta final-four. Os leões vêm de um empate e uma derrota, além de que não podem contar com três habituais titulares – Neto, Nuno Mendes e Sporar; os dragões rubricaram uma exibição pobre no Clássico com o SL Benfica, além de terem Taremi e Otávio fora das contas; as águias continuam sem impressionar, embora tenham sido superiores no encontro no Dragão; e o SC Braga perdeu surpreendentemente com o Paços de Ferreira, falhando a aproximação ao topo da tabela.

Sporting CP vs FC Porto: sem Taremi os dragões são mais imprevisíveis, mas menos fortes

Após o empate na Liga NOS, em Alvalade, os dois conjuntos voltam a encontrar-se, mas com as duas equipas a não poderem contar com alguns jogadores importantes. Se, do lado leonino, as baixas se suplantam com substitutos diretos – Sporar dá lugar a Tiago Tomás, Plata deve continuar na esquerda e, no eixo defensivo, Eduardo Quaresma também deve permanecer na vaga aberta pela ausência de Luís Neto – no FC Porto as coisas podem ser diferentes.

Sem Taremi, Sérgio Conceição tem margem para jogar apenas com Marega na frente, juntando ao avançado Luis Díaz pela esquerda, Corona pela direita e três médios. É apenas uma possibilidade, mas este trio na frente facilitaria os encaixas na pressão à construção verde e branca, e tem sido assim, quando o adversário equilibra numericamente a estrutura do Sporting CP, que a formação de Rúben Amorim tem tido mais dificuldades. 

De qualquer forma, reside a dúvida sobre as opções dos campeões nacionais, que sem Taremi perdem um elemento no auge da sua confiança, que faz diferença a atacar o espaço (e ele pode existir já que os leões costumam tentar defender alto), mas ganham uma imprevisibilidade que poderá fazer o Sporting CP ter mais dificuldades a preparar o jogo.

SC Braga vs SL Benfica: jogo do gato e do rato para alcançar final

Tanto Jorge Jesus como sobretudo Carlos Carvalhal são técnicos bastante estrategas: gostam de olhar não só para a sua equipa, mas também para a do adversário na hora de definir o plano de jogo. Todos os técnicos o fazem, poderão pensar, mas o timoneiro do SC Braga habituou-nos a gerir essa mescla entre não abdicar dos seus princípios de jogo, mas a ajustá-los à realidade do encontro de uma forma especialmente eficaz. 

Do outro lado, é também comum ver Jesus a surpreender na composição do seu 11 nos jogos teoricamente mais difíceis – como fez, por exemplo, no Dragão ao lançar Grimaldo como extremo. 

Nesse sentido, pode-se esperar um jogo em que as duas equipas tentarão aproveitar os pontos fracos do adversário ao mesmo tempo em que procuram esconder os seus e sem dispensar algumas surpresas. O SL Benfica terá de assumir a iniciativa, face a um SC Braga com vontade de aproveitar o seu tempo de posse, mas muito compacto quando está a defender; e os bracarenses devem apostar mais nos ataques rápidos, talvez explorando o espaço entre a linha defensiva e a linha média dos encarnados que parecem ainda não muito coordenadas. Weigl tem subido de rendimento, mas coletivamente parece ainda haver algumas debilidades na defesa desse espaço.

Facto é que nos dois últimos encontros foram os minhotos quem celebraram vitória e é mesmo o SC Braga o detentor do troféu, pelo que embora possa haver um ligeiríssimo favoritismo do SL Benfica, Carlos Carvalhal e os seus jogadores têm legítimas aspirações a vencer um encontro que se prevê muito interessante do ponto de vista táctico e estratégico.