As viagens do FC Porto ao Estoril e ao Restelo foram durante algumas décadas uma maldição. Ultimamente, essa superstição estava desaparecida, mas esta época regressou. O Porto já tinha deixado 2 pontos na Amoreira e ontem voltou a perder mais 2, para gáudio dos “Velhos do Restelo”.
Os dragões ainda não conseguiram apresentar um futebol sustentado por uma regularidade exibicional. É verdade que em jogos anteriores, mormente nos da Liga dos Campeões realizaram trinta minutos excecionais, frente ao Atl. Madrid. E em inferioridade numérica deram uma boa réplica ao Zenit. Perante o Sporting fizeram também uma boa segunda parte. Contudo, estes bons momentos não têm continuidade, dado que nos restantes encontros apresentaram um futebol impreciso e previsível.
Sabia-se que o Belenenses jogaria com muitas cautelas defensivas. Que os espaços seriam raros. Portanto, era necessário organizar a equipa de modo a tornear e ultrapassar a barreira defensiva dos azuis do Sul. Mas se foi estudado ou ensaiado, o que é certo é que não funcionou. Os azuis do Norte não apresentaram arte ou engenho para criarem situações de golo. O tento obtido foi de bola parada.
A perder, os azuis do Restelo soltaram-se mais e começaram a aparecer com mais assiduidade nas zonas de ataque e, após uma indesculpável infantilidade de Mangala, João Pedro aproveitou para empatar. O único destaque nesse período foram os golos, dado que as restantes fases do jogo foram de uma pobreza franciscana.
Na etapa complementar as equipas estiveram mais próximo dos golos. Quer o Porto quer o Belenenses tiveram oportunidades para marcar. Mas por má direção ou pelas intervenções dos guarda-redes a bola não entrou.
O coletivo do Porto foi quase sempre indefinido por desligado. Porque os laterais foram menos incisivos nos avanços pelos corredores. O meio campo do Porto não rende, Fernando poderia realizar o binómio defesa-ataque, mas fica muito limitado na função de trinco. Herrera não tem capacidade para substituir Moutinho e é menos rentável do que Defour. Resta a classe de Lucho, o qual tem génio e arte, mas já não é nenhum menino e, quando a inspiração não surge, apaga-se. Josué a seguir a Lucho é o mais esclarecido. Jackson está menos goleador.
Antes do jogo, Paulo Fonseca disse que este era um jogo difícil e assim foi. Mas foi difícil porque o Porto não jogou o que devia. Ao invés, apresentou um futebol de nível inferior, o qual não justificou a diferença abismal entre os vencimentos dos campeões e dos jogadores do Restelo. Nem aqueles conseguiram demonstrar e impor a sua superior qualidade.
Se este encontro foi difícil, o de São Petersburgo poderá ainda vir a ser mais complicado. Apesar de vencer o campeonato ser a prioridade, espera-se e deseja-se que os dragões se superem e alcancem uma vitória que os projete para os oitavos de final da Liga dos Campeões.
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