
Os meus vizinhos leram o título da crónica e já estavam a tentar invadir a minha habitação, não para a ocupar mas para me darem um 'tratamento'.
'Vileiro?'
É verdade, uma pequena picardia regional nesta crónica, pois o habitante de Vila do Conde é vilacondense mas nós, poveiros, gostamos muito de os tratar por 'Vileiros' entre outras coisas menos simpáticas que não vou reproduzir aqui.
O Sporting foi na noite de ontem a Paços de Ferreira selar a passagem ao Jamor como quem vai ao Continente buscar pão e sai com ainda com um frasco de Nutella de 2 quilos no saco. Escrevi Jamor, mas aparentemente este ano a coisa irá ser diferente.
Vitória tranquila dos leões por 2-1, sem pressas, sem suores frios e com aquele ar de “já cá estamos, só falta decidir se levamos fato de treino ou blazer à final”. Deu para tudo, até para meter o Esgaio a médio, vejam bem a ousadia do Rui Borges.
A abrir, Gonçalo Inácio marca de cabeça num canto com mais coreografia do que algumas músicas do Eurovisão. Uma jogada estudada, ensaiada e provavelmente patenteada pelo Amorim na última reunião do Conselho de Discípulos do Guardiola. Estava feito o primeiro e o Gyokeres demonstrava que não usa um gel qualquer. O Rio Ave olhava para o marcador como quem vê o despertador às 6h da manhã: “já?”
Mais um bocadinho e davam boleia ao Tiago Djaló!
A primeira parte foi quase sempre do Sporting com o Rio Ave a respirar, só já perto do intervalo. Pelo meio o Gyokeres levou com um "tiro" na cara e numa situação onde todos se mandariam para o chão, quase com dores de parto a pedir uma cesariana, o sueco limitou-se a esfregar o nariz e a correr para a frente.
Na segunda parte, lá apareceu o inevitável viking do Lumiar. Gyökeres arranca em direção à baliza com aquela passada de quem vai buscar as compras ao carro, mas ao mesmo tempo parece um trator em fúria pronto a lavrar um campo 10 mil vezes que os 30 metros quadrados do Ventura no Parque das Nações. 2-0. E o agregado da eliminatória já pedia censura para menores de 12, falando em censura, lembra-me de novo a personagem do Chega.
André Luiz marcou o golo de honra — honra essa que já estava de gatas. A defesa do Sporting decidiu dar um bocadinho de esperança ao jogo, como quem diz: “vá, marquem um para não parecer feio”. E marcaram. 2-1.
Momentos antes, Ole Pohlmann tinha jogado bilhar às três tabelas com a baliza de Rui Silva.
O Rio Ave tentou mas o resultado não mudou e o sonho do Jamor acabou. Poético, certo?
Eu não querendo dar uma de "Maya", diria que a final será entre Sporting e Benfica, agora o estádio onde irá ser, não consigo prever, está assim nevoeiro na bola de cristal.
No final do jogo o presidente do Sporting, Frederico Varandas deu uma de Pedro Nuno Santos e preparou já as tropas para dois cenários possíveis mas sem sair do "salto alto".
Venha o Benfica - Tirsense de hoje, embora na prática, seja só uma visita de estudo da turma de Santo Tirso à capital.
Viva o futebol
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