O jogo entre Benfica e Olympiakos demonstrou várias realidades. A de que o futebol do Benfica está a “anos-luz” do da época passada. A constatação de que Matic não rende por jogar na posição tal, pois ontem fê-lo, e mal, no seu habitat. A confirmação de que Roberto continua a ser ineficaz nas saídas aos cruzamentos. Infelizmente, também a incoerência dos discursos dos treinadores é um facto.   

O voo da águia de início até prometeu. O Benfica, após o livre de Cardozo, que obrigou Roberto a difícil defesa para canto, conquistou vários cantos consecutivos. Porém, foi chuva de cantos de pouca dura. Cinco minutos. Dado que os gregos aproveitaram a anarquica organização dos da casa e Mitroglou em três minutos, 6 e 9, esteve perto de inaugurar o marcador, por duas vezes.

O Olympiacos não é uma equipa de topo, mas enquanto o relvado permitiu, foi sempre superior ao Benfica. O futebol dos encarnados neste período foi errático por desarticulado e desligado. O seu trôpego jogo tentou evoluir pelas alas, mas os cruzamentos raramente chegavam aos destinatários. 

Com o dilúvio da segunda parte, o futebol acabou e transformou-se em pontapé aquático. Inadaptados, os jogadores nem sempre souberam nadar.Teimavam em correr com a bola, que ficava presa nas poças, em vez de a passarem a meia-altura na direcção dos colegas e de apostarem mais na lotaria do pontapé para a frente.

Para alguns, o futebol actual do Benfica é um enigma. O treinador, a equipa técnica e os jogadores são os mesmos. Mas o agradável e vistoso futebol eclipsou-se, não se vê. Observa-se em cada jogo, desvendar esta opacidade nem é difícil. O anterior Benfica jogava rápido, imprimindo uma velocidade com mudanças de ritmo difícil de travar. Hoje o seu futebol é lento, perceptível e por isso fácil de anular.

Estamos praticamente no início competitivo, por isso não se compreende o porquê da ausência de uma boa capacidade física, equivalente à dos anos anteriores. Este é o prioritário problema que tem de ser resolvido, dado que é o suporte das restantes componentes. A estratégia e a táctica sem velocidade não resultam.

O jogo nestas condições não flui. Anteriormente os defesas e os médios alas fabricavam belas jogadas com centros e cruzamentos que terminavam em golo. Agora são escassas e pouco esclarecidas. A rentabilidade pelo corredor central era menos eficaz, mas por vezes resultava, dada a movimentação veloz dos avançados. Hoje é visível a falta de jogadas combinadas e de entendimento entre o quarteto atacante.

Matic não joga melhor ou pior por actuar nesta ou naquela posição. Ele não está é bem fisicamente. Ontem num dos imensos passes falhados, colocou a bola num adversário, enviou para Mitroglou que combinou perfeitamente com Domínguez, este desviou-se do caído Garay e marcou. Será que Garay não sabe que não deve fazer carrinhos dentro da grande área?

Roberto já sabe e conhece os cantos (à casa) e a maneira como se esconde nos cruzamentos. Ontem apresentou o seu ADN ao falhar novamente, saiu mal e deu um dos seus habituais frangos. Desta vez para gáudio dos adeptos do Benfica.

Jesus disse: «Na primeira parte o Benfica foi a equipa que teve mais perto do golo na primeira meia hora, sem ter grandes oportunidades. Nos últimos quinze minutos tivemos alguma dificuldade em controlar as saídas do Olympiacos». Palavras para quê?. Se sem oportunidades não se marcam golos. Aliás quem falhou duas flagrantes ocasiões, nos dez minutos iniciais foram os gregos!