Quem diria no inicio deste Euro 2020 que iríamos chegar aos quartos de final já sem muitas das grandes candidatas?! Curiosamente, aquele que se apelidava de grupo da morte por ter as duas últimas campeãs do Mundo (França e Alemanha) e a atual campeã da Europa (Portugal), acabou por ver as suas equipas “morrerem” nos oitavos de final. Em paralelo, foi eliminada também uma das equipas que prometeu bastante na fase de grupos, fazendo o pleno nos seus três jogos. A ex-Holanda, agora Países Baixos, não aproveitou o excelente momento de Georginio Wiynaldum, e deixou-se bater pela República Checa por 2v0. Que podemos esperar para estes quartos de final?
O jogo grande destes oitavos de final parece mesmo ser o Bélgica vs. Itália. A Itália aparece com uma nova geração de jogadores que estão a reconquistar a glória de outros tempos para a Serie A, em que a verdadeira estrela da equipa é o seu treinador, Roberto Mancini. Desdobra-se a defender num 4:2:3:1 para depois atacar num 3:4:3, com Spinazzola a ser responsável pelos desequilíbrios permanentes do lado esquerdo do ataque da Itália. A Bélgica, por seu turno, mantém-se absolutamente fiel ao seu 5:2:3, tanto em processo ofensivo como defensivo. A grande incerteza introduzida trata-se de colocar, por vezes, Kevin de Bruyne a jogar como avançado nas costas de Lukaku e Hazard, ou então jogar a dois no meio-campo ao lado de Witsel, e libertar um ataque aberto a três. Contudo, Kevin de Bruyne e Eden Hazard parecem estar ausentes da competição por lesão, pelo que Carrasco e Tielemans poderão voltar ao onze titular.
Outro jogo interessante é o Espanha vs. Suíça. A Espanha é uma das equipas que tem mais vitórias na prova (3) sendo que duas delas foram consecutivas há cerca de 10 anos atrás. E como 10 anos é uma geração, hoje assistimos a uma equipa quase toda nova: Jordi Alba, Busquets e Azpilicueta continuam a ser os jogadores mais experientes, mas daí para a frente só sobreviveu o tradicional sistema de 4:3:3 a tentar capitalizar o que resta do ADN Barcelona. Por seu turno, a Suíça foi uma completa surpresa. Tem alguns jogadores talentosos, como a dupla de médios-centro Xhaka e Freuler, e os avançados móveis Shakiri e Embolo. Existe alguma curiosidade em perceber se irá manter o 5:2:3 ou irá adaptar-se a um 4:2:3:1 para garantir os equilíbrios táticos necessários.
Nos outros dois jogos a minha aposta vai para a Inglaterra e para a Dinamarca. A Inglaterra parece querer afirmar-se de vez como candidata à vitória na prova e para isso apresenta o plantel com maior valor de mercado (1.260 M€). Considerando que nunca conseguiu passar das meias-finais de um Europeu de futebol, o facto de ter eliminado talvez uma das duas grandes favoritas à vitória no europeu, a Alemanha, traz-lhe alento e confiança extras. Consegue gravitar entre dois sistemas de jogo: um 3:4:3 com maior presença no corredor central, e um 4:3:3 com maior equilíbrio dinâmico. De qualquer forma, Kalvin Phillips e Declan Rice parecem segurar o meio-campo para que Raheem Streling voe no corredor esquerdo e sirva o goleador Harry Kane. Lá atrás, Jordan Pickford tem segurado o resultado sempre que necessário.
A Dinamarca parece ter reagrupado forças depois de um início de europeu absolutamente em falso. O incidente quase-fatal com Erickssen, o seu melhor jogador, parecia ter determinado um desfecho precoce com duas derrotas nos dois primeiros jogos. Mas depois, sólidos por uma defesa a três, com Christensen e Kjaer a serem liderados na baliza por Schmeichel, empurrados de forma pujante por Hojbjerg para a frente, e com a capacidade de passe do jovem Damsgaard, a Dinamarca marcou oito golos nos últimos dois jogos e parece querer reconstruir o espírito que fez de uma outsider campeã europeia em 1992.
E o leitor, também quer fazer as suas apostas?! De verdade, este não parece ser o Europeu certo para acertar grande coisa, o que promete ainda mais incerteza, espectáculo e emoção.
Luís Vilar, Pró-Reitor da Universidade Europeia
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