Os contornos da transferência de Paulinho do SC Braga para o Sporting CP acabaram por surpreender alguns – no total, 16 milhões de euros, a cedência de Sporar e mais uma série de cláusulas que beneficiam mais os bracarenses do que os leões – sobretudo porque o avançado já tem 28 anos e, assim, é improvável que a equipa verde e branca consiga reaver o investimento financeiro realizado. A questão fundamental para entender o negócio, embora as dúvidas sejam legítimas – o avançado tornou-se no reforço mais caro da história do Sporting CP! –, é a real influência que o internacional português pode ter no plano desportivo. Foi, certamente, esse o argumento de Rúben Amorim para convencer os dirigentes do clube.

Desse ponto de vista, há que entender não só o jogador, mas a forma como ele pode beneficiar os restantes. Tratando-se de um avançado, o barómetro mais comum – e que será garantidamente tema de conversa, mais cedo ou mais tarde – é o número de golos por si apontados, mas avaliar Paulinho por esse prisma é redutor e simplista. 

Titular no encontro frente ao Marítimo poucos dias após a sua chegada, o novo número 21 dos leões mostrou no imediato uma amostra do que virá adicionar: qualidade a ligar o setor intermédio ao atacante, capacidade para atrair a pressão ao corredor central, abrindo espaço por fora (e capacidade para lá colocar a bola) e, essencialmente, mais versatilidade na medida em que, com ele, o ataque leonino ganha outra imprevisibilidade. 

Ora vão ser os falsos extremos a atacar o espaço nas costas da defesa, ora será o ponta-de-lança. Esses movimentos opostos, sempre trabalhados para surgirem de forma coordenada, são dos momentos de maior dificuldade para uma linha defensiva: ou sobem e arriscam ter as costas expostas ou descem e muito provavelmente abrir-se-á espaço entrelinhas… ou fazem as duas coisas e deixam de ser uma linha, passando cada um a estar entregue a si próprio.

Paulinho tem o perfil necessário para ser, assim, um acrescento não apenas de um ponto de vista individual, mas coletivo. Apesar de Tiago Tomás estar a realizar uma belíssima temporada, certamente acima das expetativas da maioria, Paulinho é um jogador de outra qualidade no momento, mas é, sobretudo, alguém capaz de exponenciar o rendimento daqueles que jogam em seu redor, nomeadamente de Pedro Gonçalves. O melhor marcador da liga era, até ao momento, o único do ataque com perfil para baixar, ligar entrelinhas e oferecer criatividade nomeadamente contra blocos mais baixos, quando o espaço escasseia. Agora, terá em Paulinho o colega perfeito para que se possa tornar também ele mais imprevisível e, por inerência, difícil de parar.

O efeito de Paulinho no Sporting CP tem tudo para ser, assim, como o de Roberto Firmino no Liverpool de Jurgen Klopp. Muitas vezes discreto aos olhos daqueles que centram a sua atenção somente na bola ou, ainda mais, de quem não é capaz de dissociar o nível de um avançado do número de golos que aponta, mas absolutamente essencial na manobra ofensiva dos Reds. Pela tal capacidade para ligar o meio-campo ao ataque, mas principalmente pelo valor que aporta a Salah e Mané, sempre melhores e mais perigosos quando, entre eles, há o brasileiro a criar-lhes as melhores condições, pela qualidade de passe que lhes endereça e, ainda mais, pela dúvida que gera em quem os defende.

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