Sem futebol. Como é que nos divertimos? Este defeso foi uma seca. Só se fala de crise? Qual crise? No dicionário da classe alta, não consta. A classe média já há vários anos que aperta o cinto. Os pobres, vivam ou não ao pé do mar, já sabem que “quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão”.

Se o país é lixo? O futebol é luxo! Três equipas nas meias-finais da Liga Europa, uma final portuguesa. A agência Moody´s e a troika desconhecem o nosso “modus vivendi”. Nós gastamos o que temos, e o que não temos. O crédito mal parado, destravado nunca para. O futebol é grande exemplo, os clubes devem 800 milhões, e só os 3 principais já gastaram 80 milhões. Qual crise? A crise é estarmos no defeso, chateados, não discutimos com os amigos, não bebemos uns copos enquanto vemos os jogos na TV, ausentes dos estádios não chamamos todos os nomes ao árbitro, menos o dele.

Os clubes ao investirem, diminuem o desemprego? Contratam estrangeiros, pagam bem, entre 50 e 100 mil euros e mais por mês. Qual desemprego? Vamos mas é apreciar as desconhecidas aquisições, que só os empresários conhecem. Craques que reforçam de tal forma as nossas equipas, que não precisam apresentar nenhum português no onze inicial. Viva o futebol nacional!

A globalidade é pedagógica, exige cultura, temos de ser poliglotas para entender os jogadores estrangeiros que raramente aprendem a língua de Camões. Antes qualquer pessoa pronunciava a sua equipa na ponta da língua do guarda-redes, até ao extremo esquerdo, hoje nesta Torre de Babel ninguém sabe quem é quem.

Felizmente que o futebol já iniciou os primeiros pontapés. Que venha depressa o futebol a valer. Os jogos a doer é que elevam a adrenalina. A fase preliminar é o período do namoro, onde tudo é bonito, tudo é bom, só elogios. Após “casamento” no dia a dia, no jogo a jogo, descobrem-se as virtudes, é um – craque -, e os defeitos, que barrete, tantos milhões por um tipo que não joga nada!

Estamos ainda em tempo de transição, o momento é de fé na vitória, na conquista de todas as provas. Os crentes desta religião – futebol –, rumam aos templos para venerarem os seus “deuses”. Graças a Deus pouco falta para escutarmos as religiões.

No Dragão entoam-se salmos: “Nós somos, os filhos da naçõn, Porto, Porto, Porto. Campeões, Campeões, nós somos Campeões. Cada lampião é um calão, cada lampião é um calão. Este ano mais uma vez, até os comemos carago. A Supertaça já cá mora”.

Na Luz pede-se a Jesus, - ajuda-nos para que este ano sejamos campeões. Com fé na Catedral, o coro canta “Oh Pinto da Costa vai pró trabalho”, “ninguém para o Benfica, ninguém para o Benfica”. Na Liga dos Campeões já a doer, o “cabeça de turco”, foi o Trabzonspor.

O Alvalade 21, na estreia arrastou 50 mil adeptos, (qual crise), face a início promissor, cantavam as claques, Sporting allez, Sporting allez, Sporting o nosso grande amor, mais os estribilhos a Pinto da Costa e ao "Lampião". Godinho que não é Sérgio. Gerou uma expectativa eufórica, a equipa apresentou-se “com um brilhozinho nos olhos”, mas com imensas “falhas de Valência”.

A nós que apreciamos, faz-nos falta o teatro do futebol, viver dramas e comédias, sentir tristeza e alegria. Neste fim de semana lá estaremos, na grande estreia do campeonato. "To be or not to be”!