A 10 de Novembro de 2014, neste mesmo espaço, escrevia sobre a força mental do Vitória de Guimarães . Destacava um conjunto de capacidades que mantinham, na altura, o Vitória no topo da classificação da Liga. Quem acompanha o desporto e o papel que o treinador assume nas equipas e nos atletas, sabe que o treinador é um dos principais impulsionadores da motivação, desempenho e bem-estar individual e colectivo.
Hoje volto a pegar em Rui Vitória, agora como treinador do SL Benfica. Tenho tido a sorte de o encontrar regularmente em eventos, formações ou pequenos espaços de debate. Sempre acessível e predisposto a tirar qualquer dúvida. Rui Vitória é distinto de Jorge Jesus, como seria natural. Todos nós somos seres complexos e com características que nos distinguem uns dos outros.
Ao contratar Rui Vitória, o Benfica adquire um treinador muito diferente de Jorge Jesus. Não só como treinador, nas suas ideias e no modelo, mas com uma personalidade diferente, um estilo de comunicar, agir e reagir distinto. A herança é pesada e Rui Vitória sabe-o bem. Assumiu-o. Uma questão pertinente para o treinador é saber como deverá fazer a alteração na equipa de como esta vai iniciar os processos de jogos à sua maneira/imagem e quanto tempo deverá, supostamente, levar. Jorge Jesus esteve seis épocas no Benfica e certamente deixou enraizado muitos hábitos individuais e na equipa. Não se sabe ainda quem entra e sai, mas certamente podem estar no próximo plantel benfiquista um conjunto de jogadores que trabalharam com Jesus as seis, cinco, quatro ou três épocas. E não é fácil perder ou alterar hábitos.
Rui Vitória assumiu várias vezes que gosta de trabalhar com jovens. De os ver crescer, desenvolver competências técnicas, tácticas e que lhes façam acreditar mais neles próprios. Provavelmente é o perfil certo para aquilo que o Presidente deseja. Mas o Benfica da próxima época pode ter tantos jovens como trintões. Júlio César, Luisão, Jardel (?), Maxi (?), Eliseu, Lima (?), Amorim (?) ou Jonas. Serão importantes para a integração dos novatos que vão chegar, e Rui Vitória terá de ser bastante flexível, diferente de condescendente, para simultaneamente conseguir que o seu discurso, objectivo, forma de ser, chegue de modo alinhado a todos!
Por fim, Rui Vitória é mais focado nas relações interpessoais. Não se trata de ser melhor ou pior. Uns focam-se mais na tarefa em que os recursos humanos são meios para atingi-las. Outros nas pessoas e no desenvolvimento das mesmas através das tarefas. Existem quase sempre prós e contras nas personalidades. Contextos onde uns se adaptam mais e melhor do que outros. Os desafios para Rui Vitória são inúmeros. Tem demonstrado muito querer e capacidade de fazer omeletes sem muitos ovos. Hoje tem mais ovos mas a omeletes que lhe exigem são maiores e melhores. Julho trará novidades!
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