Leonardo Jardim disse «o Sporting não é candidato porque não preparou uma estrutura para tal, como outros o fizeram». Teoricamente, o treinador tem razão, mas na realidade a prática desmente-o, dado que é líder no campeonato.
É certo que os dois clubes que se estruturaram atravessam um período de crise, embora o Benfica indicie alguma melhoria, mas esta evolução ainda está a "exibições-luz" das anteriores épocas. Também o Porto, que é considerado unanimemente como o clube mais bem estruturado e organizado, atravessa uma fase crítica, a qual bate recordes negativos em termos de resultados. O que começa a desmentir a realidade anterior de que no Porto qualquer treinador é campeão.
Esta análise sistémica do momento atual do futebol leonino assenta em três princípios fundamentais: o da reestruturação financeira, a do aproveitamento da Academia e o projeto futebolístico possível para o presente e, sobretudo, para o futuro.
Bruno de Carvalho optou por uma liderança em que, apesar da interação com os seus homólogos dirigentes, não é interdependente, dado que, como anunciou na campanha, quis «um Sporting a uma só voz». Tratou de estudar ao pormenor e até à ínfima a pesada herança e, perante um cenário nada animador, fez as indispensáveis reformas.
O aproveitamento dos jovens da Academia acabou com as contratações e ordenados milionários do passado e finalmente terminou com o desnecessário despesismo. Outro lado importante foi a aproximação e captação dos sócios, os quais enchem o estádio e apreciam todos os jogadores. Porém, os da formação sentem-nos e adoram-nos como leões, seus familiares.
O projeto futebolístico no seu início originou uma limpeza geral no grupo de trabalho, com as respetivas e possíveis aquisições. Idealizou a contratação de um treinador competente e apoiou-se num forte apoio logístico, com a escolha de homens com muita experiência de futebol.
Ao não exigir mundos e fundos, psicologicamente beneficiava o percurso nesta época futebolística, fossem quais fossem os resultados obtidos. Argumentar-se-ia que a equipa é jovem, está em formação para um futuro próximo, e outras retóricas que grassam nos 'futebólogos'.
O efeito da liderança no campeonato tem várias causas: a forma competente como Leonardo Jardim tem gerido o grupo de trabalho e a equipa durante a competição, a sua estratégia nos discursos moderados, profiláticos a qualquer próximo acidente de percurso, os quais visam contrariar a euforia dos adeptos.
Mas neste momento o Sporting lidera e está numa forma superior aos concorrentes, por isso encontra-se na fronteira de manter o discurso de que o projeto dos objetivos iniciais continua a ser o mesmo ou assume-se como sério e real candidato ao título?
O feedback classificativo - e não só, pois o Sporting tem sido a equipa mais estável e regular em termos exibicionais - pode criar possíveis e aceitáveis ilusões nos adeptos leoninos. Ontem, no final do jogo, escutei um sportinguista a dizer: «Vamos em primeiro, sem nos termos estruturado para sermos candidatos, se nos tivéssemos organizado, já levavamos não sei quantos pontos de avanço...»
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