O Boavista ficou hoje com cerca de 910 mil euros disponíveis para solucionar os impedimentos de inscrição de novos futebolistas, após receber essa garantia da candidatura encabeçada por Filipe Miranda às eleições do clube da I Liga.

"Há sete meses que esta equipa anda a trabalhar. Os problemas resolvem-se de dentro para fora e tenho fechada a solução para resolver os impedimentos da FIFA: estão aqui 910 mil euros para serem entregues ao presidente do clube, Vítor Murta, que os vai fazer chegar a quem de direito", explicou o gestor Filipe Miranda, em conferência de imprensa.

A candidatura "Boavista, num xadrez de novas conquistas" endossou um documento ao clube a uma semana do sufrágio, denunciando mesmo tentativas frustradas de contacto com o senegalês Fary Faye, líder da SAD gestora do futebol profissional ‘axadrezado’.

“Vou formalmente dar conta disto à SAD, mas tenho 99,9% de convicção de que estes impedimentos não serão levantados. É o meu receio, mas espero estar errado”, afirmou, por sua vez, Vítor Murta, horas depois de a sociedade de Fary garantir, em comunicado, que está focada “na resolução dos problemas” e terá “total imparcialidade" nas eleições.

Contactada pela agência Lusa, fonte ligada ao processo admitiu que a solução de Filipe Miranda "não é possível" perante o Processo Especial de Revitalização (PER) da SAD, cujo pedido foi aceite em novembro de 2024 pelo Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia.

O documento recebido pelo clube decorre de um acordo celebrado entre a lista de Filipe Miranda e um fundo de investimento norte-americano, que permitiria antecipar em meio ano, com uma taxa de juro "muito baixa", a receção de uma verba de um milhão de euros (ME) pela transferência do defesa direito Pedro Malheiro para os turcos do Trabzonspor.

Sem divulgar mais detalhes sobre o fundo, Filipe Miranda disse acreditar que os cerca de 910 mil euros vão ajudar a SAD a desbloquear os impedimentos de inscrição de novos atletas impostos pela FIFA há cinco janelas de transferências seguidas, devido a dívidas.

"Este acordo a 50 anos vai dar-nos a total garantia de sustentabilidade do clube. Nunca acabaremos. Senti claramente uma tentativa de aproximação [entre as partes]", apontou.

De acordo com a última atualização da lista de clubes sujeitos a proibições de registo de novos futebolistas pela FIFA, o Boavista enfrenta 17 processos ativos datados entre abril de 2023 e dezembro de 2024, dos quais sete vigoram por três períodos de inscrição e 10 têm duração ilimitada.

"Não quero ser presidente a qualquer custo e já apresentámos soluções enormes. Se a administração da SAD vai dar seguimento a isto, não sabemos. Se não nos der ‘feedback’ e ninguém se mexer, continua tudo na mesma e os impedimentos não serão levantados", notou Filipe Miranda, ciente de que o clube apenas detém 10% do capital social da SAD.

Já o mandatário e candidato a presidente-adjunto do Boavista, Pedro Cortez, enalteceu o "casamento perfeito com um fundo de investimento credível", que facilita a colocação em curso de "muitas das missões da candidatura antes das eleições e da tomada de posse".

"Preocupamo-nos em dar obra feita, independentemente de ganharmos ou não. Vai ficar, agora, do lado dos administradores a capacidade e competência de agilizarem todo este processo de forma célere para que consigamos ter a equipa mais equilibrada", sinalizou.

Além da resolução dos impedimentos, o acordo visa potenciar a infraestrutura do Estádio do Bessa com um relvado amovível e cobertura total para a realização de vários eventos.

Inicialmente previstas para hoje, as eleições do Boavista, 18.º e último classificado da I Liga, rumo ao triénio 2025-2027 vão decorrer em 18 de janeiro, das 10:00 às 18:00, no Estádio do Bessa, no Porto, após serem resolvidas anomalias na lista de Filipe Miranda.

O gestor Filipe Miranda, antigo guarda-redes e capitão e atual diretor desportivo do futsal 'axadrezado', terá pela frente o advogado Rui Garrido Pereira na corrida à sucessão de Vítor Murta, que não se recandidatou e vai deixar a presidência do clube ao fim de seis anos e dois mandatos.

As duas listas chegaram a ter a concorrência de um movimento liderado pelo senegalês Fary Faye, ex-futebolista e atual presidente da SAD do Boavista, que acabaria por se retirar do sufrágio em 20 de dezembro, 16 dias depois de ter apresentado o seu projeto.