O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), Fernando Gomes, disse hoje que "está fora de questão" ser constituído arguido na sequência da Operação Mais Valia, apelando ao “cuidado da proteção do nome das pessoas”.

A reação do antigo líder máximo da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) só aconteceu hoje, três dias depois de ter tomado posse como presidente do COP, quando foram tornadas públicas as buscas relacionadas com a venda da antiga sede da FPF, em 2018, na Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, por mais de 11 milhões de euros, de acordo a Polícia Judiciária.

“Em nenhuma circunstância [teme ser constituído arguido]. Está fora de questão. Sinceramente, até tenho que admitir que não fui contactado para acederem ao meu computador. Soube da operação no mesmo dia [da tomada de posse no COP]”, garantiu Fernando Gomes, à comunicação social.

O antigo presidente da FPF falou aos jornalistas à margem da inauguração da Alameda Fernando Gomes, rua que liga a Cidade do Futebol à Arena Portugal, dando conta que é necessário "ter alguma atuação no cuidado da proteção do nome das pessoas”.

“A polícia e Ministério Público têm toda a legitimidade para fazer as operações que entendam. Da minha parte, o que tenho a dizer é que a justiça faça o seu trabalho, como tenho sempre dito. Tem de investigar e, acima de tudo, tem de ter alguma atuação no cuidado da proteção do nome das pessoas”, alertou.

Depois, deu um exemplo de “uma pessoa muito amiga que desapareceu”, por ter sido “enxovalhada publicamente”, para “no fim ser ilibada completamente”, pelo que reforçou o cuidado de preservar o nome “em todos os momentos de qualquer investigação”.

Na homenagem ao ex-presidente da FPF não esteve presente o seu sucessor na liderança do organismo, Pedro Proença, uma ausência que não causou incómodo a Gomes.

“Está presente quem quer estar presente. Não tenho de manifestar surpresa. A Câmara Municipal de Oeiras convidou a FPF. Esteve aqui o Toni, uma pessoa que prezo muito, é vice-presidente. A FPF esteve representada e muito bem representada”, defendeu.

A Polícia Judiciária efetuou na terça-feira buscas na sede da FPF por suspeitas dos crimes de recebimento indevido de vantagem, corrupção, participação económica em negócio e fraude fiscal.

A investigação da Operação Mais Valia, que teve início em 2021 e está a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, está relacionada com a venda da antiga sede da FPF, em 2018, na Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, por mais de 11 milhões de euros.

As buscas realizadas resultaram, até ao momento, na constituição de dois arguidos: o antigo deputado do Partido Socialista (PS) António Gameiro e o antigo secretário-geral da FPF Paulo Lourenço.

No dia da tomada de posse de Fernando Gomes à frente do COP, o diretor nacional da PJ, Luís Neves, esteve presente no evento e, lado a lado com o ex-presidente da FPF, negou que o mesmo e também Tiago Craveiro, antigo diretor-geral do organismo federativo, sejam arguidos.