O ministro da Justiça neerlandês, David van Weel, afirmou esta sexta-feira que governo precisa de "mais tempo" para elaborar uma estratégia para combater o anti-semitismo, isto após a violência da semana passada entre adeptos de futebol israelitas e locais.
"Devido aos terríveis acontecimentos de 7 e 8 de novembro e porque quero promover um debate frutífero no parlamento, decidi tomar mais tempo para preparar uma estratégia, que será enviada em breve ao parlamento" disse o ministro em carta enviada aos deputados neerlandeses.
O primeiro-ministro Dick Schoof prometeu "medidas de grande alcance" no início desta semana. Disse ainda que estas seriam anunciadas após uma reunião do gabinete esta sexta-feira.
A discussão segue-se à violência vivenciada nas ruas de Amesterdão antes e depois do jogo da Liga Europa entre o Ajax e Maccabi, a 7 de novembro.
O chefe da polícia de Amesterdão, Peter Holla, disse que antes do jogo, os adeptos do Maccabi queimaram uma bandeira palestiniana, atacaram um táxi e entoaram slogans anti-árabes, segundo as autoridades da cidade.
Os mesmos adeptos terão alegadamente desrespeitado o minuto de silêncio antes do jogo, em memória das vítimas das recentes inundações em Espanha.
Segundo as autoridades, jovens em scooters envolveram-se em ataques de "bate e foge" contra os adeptos do Maccabi, após o jogo.
Algumas publicações nas redes sociais incluíam apelos para "caçar judeus" Schoof afirmou que os ataques equivalem a "anti-semitismo puro".
As autoridades neerlandesas reservaram 4,5 milhões de euros para uma nova estratégia, incluindo 1,2 milhões de euros para a segurança das instituições judaicas, de acordo com a comunicação social neerlandesa.
O primeiro-ministro disse ao parlamento na quarta-feira que o governo estava a considerar "medidas de grande alcance" para punir a violência anti-semita. Isso incluía a possibilidade de retirar a nacionalidade a pessoas com dupla nacionalidade.
A polícia, o ministério público e outras autoridades legais lançaram uma investigação massiva sobre os incidentes em torno do jogo Ajax-Maccabi, tendo já sido detidos oito suspeitos
Entretanto o deputado de extrema-direita anti-islão Geert Wilders, líder do maior partido da coligação governamental, acusou a comunidade muçulmana do país pelos distúrbios. Este exigiu que os suspeitos fossem acusados "de terrorismo, perdessem os seus passaportes e fossem expulsos do país".
Mas os partidos da oposição condenaram a linguagem de Wilders, dizendo que estava "a deitar gasolina no fogo, a abusar do medo e da dor genuínos de um grupo para incitar o ódio contra outro".
Muitos políticos da oposição e comentadores disseram que, embora o anti-semitismo fosse abominável, a violência não foi unilateral. A violência ocorreu num contexto de uma Europa cada vez mais polarizada, com tensões crescentes após um aumento nos ataques anti-semitas, anti-israelitas e islamofóbicos desde o início da guerra em Gaza.
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