A exploração comercial do Estádio do Dragão contratualizada recentemente entre FC Porto SAD e Ithaka valia mais do que 65 milhões de euros (ME), vincou hoje André Villas-Boas, candidato à presidência do clube nas eleições de sábado.
“O FC Porto acaba de vender 30% das receitas comerciais. Realmente, é aí que haveria espaço de manobra. Acho que vale muito mais, pelo menos o dobro. Não temos dúvidas do parceiro, até porque estas subsidiárias descendem todas da Sixth Street. O parceiro é forte, mas os direitos comerciais valem muito mais do que 65 ME por 25 anos”, criticou o ex-treinador da equipa de futebol ‘azul e branca’, em entrevista à estação televisiva SIC.
Na sexta-feira, um dia depois de a SAD ter revelado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a celebração de um acordo por 25 anos com a sociedade espanhola Ithaka Infra III, Pinto da Costa, presidente do clube desde 1982 e adversário eleitoral de Villas-Boas, levantou a hipótese de a próxima direção rescindir o vínculo até 01 de julho.
“Estou disponível para analisar contratos e escolher o melhor caminho. Desconhecemos esse acordo. Não sei se o presidente está bem consciente sobre se há cláusulas penais relacionadas com a rescisão imediata. Se ele diz que não há, é um bom sinal para o FC Porto, porque é um sinal de renegociação com o parceiro. Isso seria muito bom”, notou.
O candidato pela lista B, de 46 anos, já tinha criticado a pressa da SAD, que anunciou o acordo a nove dias das eleições dos clube ‘azul e branco’ para o quadriénio 2024-2028.
“A Porto Comercial é das poucas empresas do FC Porto que dá lucro. Como esse lucro está situado na ordem dos 40 ME por ano em relação a receitas comerciais, acho que a margem é muito melhor do que 65 ME vendidos por um período de 25 anos”, adicionou.
Os ‘dragões’ detalharam que a Ithaka “terá direito ao longo dos próximos 25 anos a 30% dos direitos económicos de uma nova sociedade”, que vai ser incorporada no Grupo FC Porto, de forma a elevar a “utilização e rentabilidade económica” do Estádio do Dragão.
“A Ithaka vai investir 65 ME no FC Porto, dos quais cerca de 30 ME serão integralmente reinvestidos no estádio ao longo dos primeiros anos, sendo o remanescente destinado a aumentar a competitividade do FC Porto. Após o decurso do prazo de 25 anos, o clube recupera 100% dos direitos económicos do estádio”, vincou a sociedade, que mantêm o controlo e a gestão sobre as operações daquele recinto e a propriedade total do mesmo.
A empresa Key Capital Partners atuará como consultor financeiro e estratégico exclusivo da Ithaka, ao passo que o apoio operacional fica a cargo da companhia norte-americana Legends, com a qual a FC Porto SAD já havia negociado a exploração comercial por 15 anos do Estádio do Dragão, casa da equipa principal de futebol, em novembro de 2023.
A injeção de 65 ME vai permitir “elevar em igual montante” os capitais próprios negativos da sociedade comandada por Pinto da Costa, que, no primeiro semestre do exercício em vigor, baixara esse valor contabilístico em quase 167,5 ME, de 175,980 ME para 8,5 ME.
Esse cenário, que projeta uma inversão positiva dos capitais próprios no fecho da época, em 30 de junho, baseou-se nos lucros de 35 ME somados no final de 2023 e no efeito da reavaliação do Dragão feita pela Crowe Advisory PT, ao passar de 167 ME para 279 ME.
A análise ao valor de mercado do ‘cash flow’ gerado pelo imóvel foi um dos seis assuntos questionados por André Villas-Boas numa missiva enviada à SAD em março, tal como a transferência de ativos para a sociedade Porto Comercial 2, sem nunca ter tido resposta.
As eleições dos órgãos sociais do FC Porto para o quadriénio 2024-2028 são disputadas por três candidaturas, encabeçadas por Pinto da Costa (lista A), André Villas-Boas (B) e Nuno Lobo (C), incluindo ainda um movimento independente ao Conselho Superior (D).
O ato eleitoral decorre em 27 de abril, das 09:00 até às 20:00, no Estádio do Dragão, no Porto, numa altura em que Pinto da Costa está a cumprir o 15.º mandato seguido, desde 1982, detendo o estatuto de dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial.
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