A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) criou o movimento ‘#JOGAEMCASA’ para “proporcionar entretenimento” em tempos de confinamento e que junta praticantes de eSports, profissionais de futebol como João Félix, Diogo Jota ou Rúben Neves, e comunidade em geral.

“Este movimento é 100% digital, pois vive apenas no 'online', e tem a missão de proporcionar entretenimento para os que estão em casa, com emissões regulares que têm como protagonistas os craques da bola”, explicou à agência Lusa o coordenador do eSports da FPF, Raul Faria.

Vários internacionais portugueses de futebol como João Félix, Diogo Jota, Rúben Neves ou Podence têm participado na iniciativa que procura ainda “cruzar-se com a comunidade em geral”.

“O adepto tem a oportunidade de defrontar até o seu ídolo, mas os 'craques da bola' defrontam também craques do futebol virtual”, adianta.

Para Raul Faria, a FPF “acaba por ter um ecossistema bem implementado onde vários craques competem regularmente” durante os tempos de confinamento devido à pandemia de covid-19.

O responsável pelo futebol virtual na FPF destaca mesmo o avançado português Diogo Jota, do Wolverhampton, da Liga inglesa de futebol, que é “um craque com bola e com o comando”.

“O Diogo Jota teve uma grande conquista recente, ao vencer a ‘ePremier League’ com o comando. Estão também a decorrer inscrições para o ‘Ruben Neves Challenge’, no qual quem vencer vai defrontar o jogador do Wolverhampton”, destacou.

Criada em 2017, a FPF eSports conta com 17 mil jogadores inscritos, mais de 260 clubes e já realizou mais de 12 mil jogos.

Sendo esta iniciativa o lado positivo da pandemia de covid-19, Raul Faria destaca os efeitos negativos pelo cancelamento de inúmeros eventos presenciais de futebol virtual.

“As atividades presenciais são importantes e em alguns aspetos fundamentais para a o crescimento dos eSports, que vive de contacto com o público para proporcionar grandes espetáculos”, defende.

Raul Faria lembrou ainda os prejuízos para organizadores de eventos, fotógrafos ou comentadores, após o cancelamento de eventos nacionais e internacionais.

A FIFA Nations Cup, prova em que Portugal conquistou o terceiro lugar na época passada, e que este ano estava agendada para Copenhaga, na Dinamarca, em maio, foi cancelada.

“Outras provas foram adaptadas e reformuladas, com novas dinâmicas, sobretudo no digital. O eEuro, que ia decorrer na final do Euro2020, em Londres, foi adaptado a uma versão ‘online’ que vai acontecer em maio, e onde Portugal está nos ‘play-offs’ de apuramento”, explicou.

A principal missão do FPF eSports é de criar uma “ligação entre o futebol virtual e o futebol” para as gerações mais novas, cada vez mais ligadas aos jogos eletrónicos.

“Muitas destas competições levam os atletas de eSports aos estádios. A FPF cria ainda, com a sua experiência na organização de eventos, verdadeiras arenas de futebol virtual, para criar essa paixão pelo ‘desporto rei’”, sublinha Raul Faria.

O objetivo, “ao final do dia”, para a FPF será sempre “ter mais praticantes de futebol e mais crianças a praticarem desporto”.

Mas o futebol virtual é visto ainda como “uma alternativa de carreira” para jogadores portugueses, à semelhança do que acontece em outros países.

“A UEFA e a FIFA apostam cada vez mais nesta modalidade e há a história incrível do Wendell Lira, que conquistou o prémio Puskas [de 2015] e atualmente é jogador profissional de eSports e representa até o Sporting”, recordou.

Com o jogador de eSports ainda sem ser reconhecido como desportista em Portugal, Raul Faria entende que a prova deve ser dada “dentro de campo”.

“Pela forma como trabalhamos, como organizamos competições e como tratamos os atletas, conseguimos provar que a atividade deles é digna de ser considerada como a de um desportista”, adiantou.

A FPF incentiva ainda a uma “comportamento exemplar e saudável” dos atletas de eSports, com a ajuda da Unidade de Saúde e Performance da FPF que “regularmente faz um acompanhamento destes atletas”.