A equipa portuguesa de Counter-Strike:Global Offensive Saw quer “causar impacto” no próximo ano, depois de se estrear em 2020 com uma subida ‘meteórica’ até ao 25.º posto do ‘ranking’ mundial.

Formada após uma separação do ‘plantel’ com os Vodafone Giants, a equipa começou por fazer uma campanha “quase a ‘solo’” que foi a marca durante quase todo o ano, tendo, em junho, aberto a propostas de aquisição, após vários resultados sonantes, no que foi um ano histórico a nível internacional.

Há três semanas no ‘top 30’ do ‘ranking’ mundial do portal Hltv, a Saw acumula títulos e resultados de monta: a vitória na Master League Portugal, principal campeonato do videojogo ‘shooter’ em Portugal, em junho, foi um dos destaques, entre várias vitórias importantes para o Counter-Strike português.

Renato ‘stadodo’ Gonçalves, Tiago ‘just’ Moura, Ricardo ‘rmn’ Oliveira, Christopher ‘mutiris’ Fernandes e o espanhol Omar ‘arki’ Chakkor foram finalistas vencidos do torneio internacional Dreamhack Open, já em dezembro, ante os Virtus.pro, ajudando a novo ‘salto’ na hierarquia mundial.

No BLAST Spring Showdown, venceram os Vitality, e também em junho conquistaram o torneio europeu Orange Unity League, batendo os franceses Heretics na final, e, a abrir 2021, terão, em janeiro, a ESEA MDL 36, torneio europeu cuja 35.ª edição terminaram em terceiro lugar.

Em ano de estreia, a pandemia de covid-19 retirou-lhes a possibilidade de “fazer muitas das coisas” planeadas, diz à Lusa a gestora de ‘marketing’ dos Saw, Patrícia Oliveira, que ainda assim destaca “números inéditos”, em resultados e em alcance através das redes sociais.

“Apesar de a covid-19 ter colocado tudo em suspenso, temos a noção que para os esports foi de certa forma vantajoso: o mundo virtual acabou por se tornar num meio essencial e a comunidade ‘gamer’ foi impulsionada pela pandemia, com mais pessoas em casa, levando-nos a aumentar a nossa comunidade rapidamente”, menciona.

Do lado negativo está o cancelamento de eventos físicos, a impossibilidade de fazer mais campos de treinos “e o impasse no investimento por parte das marcas a dada altura”, que “atrasaram o crescimento enquanto organização”, mesmo que o balanço seja positivo.

Na retina ficam jogos que bateram recordes, como a final da Master League Portugal, contra a equipa espanhola dos Vodafone Giants, com jogadores portugueses como Ricardo ‘Fox’ Pacheco, que atingiu um número inédito de 13.500 espetadores em simultâneo.

Com 18 mil em simultâneo, a final da RTP Arena Cup com os também espanhóis Movistar Riders foi outro ponto alto, num ano com mais de um milhão de visualizações para a formação, que ainda teve um dos cinco jogos mais vistos do torneio internacional BLAST Premier Showdown.

Sem revelar os valores de investimento na equipa, garantem que têm de momento “os mais sonantes do mercado em Portugal hoje”, e para 2021 há “muitos planos”, a começar a entrada de novos patrocinadores, um deles “uma marca não endémica”, a prova de que “acompanham e têm interesse na visibilidade” que a equipa gere.

Também em cima da mesa para o próximo ano, que conta com o apoio da Bet7, está a entrada em outros jogos para lá de Counter-Strike.

“O principal agora, sem dúvida, é manter o projeto sustentável e garantir que atinge o patamar que pretendemos. A possibilidade de abranger os Saw noutros jogos foi sempre um objetivo. No entanto, apenas será levado avante caso não prejudique a estabilidade do projeto como um todo”, acrescenta a gestora de ‘marketing’.

Sem rodeios, fala mesmo em “causar impacto” e gerar “uma nova era para os Saw e para os esports em Portugal”.

O mercado, de resto, é “bom para se investir”, com um público “muito ligado ao mundo virtual todos os dias e com poder de compra”, com mais de 90% dos seguidores entre os 18 e os 34 anos, um público “informado e minimamente exigente no tipo de conteúdo que consome”, daí o cuidado e “a preponderância atribuída” à criação de conteúdo em várias plataformas.

Mesmo com o ‘rombo’ da pandemia e num país “que não aposta muito nos esports para já”, há a noção de que em Portugal “já começa a existir uma maior valorização do enorme potencial” do setor.