Francisco ‘Quinzas’ Cruz foi, em 2011, o primeiro, e único, campeão do mundo de FIFA português, hoje em dia é treinador no Sporting e tem um projeto para ajudar qualquer interessado a melhorar o nível competitivo.
Natural da Trofa, ‘Quinzas’, como é conhecido no seio do popular videojogo de futebol virtual, começou a jogar “muito cedo e de forma casual, como quase toda a gente”, mas deu o ‘salto’ para o lado competitivo também muito cedo.
“Fui eu próprio que comecei a interessar-me pelas competições. (...) Comecei a carreira de jogador pelos 14 anos. Fui campeão nacional e qualifiquei-me para o campeonato do mundo, fui terceiro, dois anos antes de ser campeão do mundo” com 16 anos, conta à Lusa.
Ainda assim, essa diferença de dois anos trouxe mudanças significativas para o panorama competitivo de então, uma vez que, para se sagrar campeão mundial em 2011, teve de fazer um ‘desvio’ pela Polónia.
“Na altura não era muito comum, hoje, como há outros valores no mercado, já é mais usual. Devido a uma redução de vagas, Portugal deixou de encontrar um representante. A equipa em que estava, a Dignitas, patrocinou a minha ida a outro campeonato, neste caso a Polónia, e qualifiquei-me, sagrando-me campeão nacional polaco”, revela.
Nesse Mundial, em Los Angeles, o mais português dos campeões pela Polónia ‘brilhou’ e trouxe para Portugal aquele que é, à data, o único título a esse nível que o país ostenta, batendo o colombiano Javier Muñoz por 4-1.
Foi aos quartos-de-final no ano seguinte, num dos últimos resultados de monta para o país até que, em 2019, na eNations Cup, já sob a alçada da FIFA, Portugal foi às meias-finais, e ao terceiro lugar, com Gonçalo ‘RastaArtur’ Pinto e Diogo ‘Tuga810’ Pombo.
Como prova da evolução do mercado, o contrato que conseguiu após vencer a maior prova “foi de 300 euros por mês”, e acabou por desligar-se do FIFA em prol da faculdade, regressando mais tarde para jogar no Sporting, já depois do “ano zero para o FIFA” em 2017, quando a Electronic Arts, que desenvolve o jogo, passou a investir no setor competitivo.
“Fez uma diferença enorme no que diz respeito à estabilidade dos jogadores, que ainda não é muita, só ‘top 50’, talvez o ‘top 100’ mundial, é que consegue ter alguma estabilidade financeira. Mas foi uma mudança do paradigma dos esports”, refere o jovem de 25 anos.
Depois de uma fase sem tanto sucesso como jogador, ainda que tenha representado os lisboetas no primeiro Mundial de Clubes de sempre, “surgiu a possibilidade de continuar no clube, mas como ‘team manager’”, cargo que exerce há cerca de dois anos.
Enquanto treinador dos vários atletas dos ‘leões’, Francisco Cruz pensou em desenvolver uma área “que ainda não existe muito em Portugal”, com um projeto de ‘coaching’, no qual se tem “focado nos últimos tempos” por poder “trazer o que todos querem – algum rendimento”.
Segundo as informações que Cruz tem na Internet, “mais de uma centena de jogadores” já contam com os serviços, lançados em fevereiro, do treinador, entre aulas e ‘dicas’ para melhorar no jogo, além de revisão e análise a partidas.
Fazendo um balanço enquanto jogador “extremamente positivo”, o agora treinador lembra o recorde de “campeão do mundo mais jovens de sempre” e o palmarés que conseguiu numa ‘era’ dos esports em que havia “muito menos torneios”.
“Ser campeão do mundo é algo único, de que me vou orgulhar a vida toda. Vou contar esta história aos meus netos”, atira.
A estudar gestão na Universidade Lusíada do Porto, ‘Quinzas’ gostaria de poder “complementar os dois mundos”, até porque “as organizações esports vão ser cada vez mais complexas e vão necessitar cada vez mais de conhecimento na área da gestão”.
Para o futuro, Francisco Cruz vê os esports “como um bebé” que quer “muito que cresça”. “É uma coisa que me dá gosto em fazer e, se crescer, vai dar oportunidade a mais pessoas para fazer disto vida”, explica.
Jogadores e outros membros do setor que já estão há muitos anos envolvidos “veem o potencial que isto tem”, reforça o treinador, e “os números de consumidores estão a crescer cada vez mais”, mas ainda “não dá para fazer disto vida”, é um sonho “para o futuro”.
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