O videojogo Valorant, lançado em junho, é a mais recente adição a um setor de esports em crescimento, porque “prometeu muito e acabou por cumprir”, estando em expansão em Portugal, afirmam à Lusa várias figuras da cena competitiva.

Lançado em ‘beta’ (uma versão não finalizada do jogo acessível a jogadores) em abril, com uma versão definitiva a sair, de forma gratuita, para computadores em junho, o jogo combina elementos de um ‘shooter’, um género de que é exemplo máximo o Counter Strike:Global Offensive, com outros elementos.

A Riot Games, que criou o jogo e também o popular League of Legends, tem investido em torná-lo o próximo grande espaço dentro dos esports, com um primeiro torneio oficial, o First Strike, a decorrer até ao início de dezembro, com prémios de 85 mil euros e as melhores equipas em prova.

Em Portugal, os B7 Warriors são os expoentes máximos do jogo, em 33.º lugar do ‘ranking’ europeu e apurados para os ‘play ins’ do First Strike, com equipas como Team White, EZ One ou GrowUP a aparecerem, além de vários jogadores no estrangeiro.

O ‘chefe’ da E2 Tech, que em Portugal organiza vários torneios e eventos, como a Master League Portugal, principal competição de Counter-Strike:Global Offensive, descreve à Lusa um “jogo bastante competitivo e que se tornará claramente um jogo de esports”, porque “foi construído para isso mesmo”.

Com isso em mente, a empresa lançou a Master Series, com um ‘bolo’ total de prémios que ascende aos 10 mil euros, uma “aposta” num jogo em que acredita haver “potencial”, também perante “a aposta forte da Riot”.

O portuense Luís ‘m0oVe’ Silva é formado em química mas, no mundo dos esports em Portugal, é conhecido por várias funções no campo da comunicação, de apresentador a dinamizador de um ‘talk show’, encontrando-se agora dedicado ao Valorant.

Segundo explica à Lusa, o analista de laboratório, formado em química, é apresentador, faz entrevistas e ocupa espaços de análise, além do ‘talk show’ Late Night Moove, no qual entrevista profissionais da cena portuguesa de esports.

Agora, conta, está “mais dedicado ao Valorant”, depois de em 2019 ter acompanhado a seleção portuguesa de Overwatch a um torneio na Califórnia, e a natureza “muito competitiva” que sempre teve levou-o também a outras funções, sobretudo na parte de gestão e treinos.

‘Moove’ é, aos 34 anos, visto como um dos líderes de uma comunidade em crescendo, com o mais recente videojogo da Riot Games, criadora de League of Legends, a ser lançado em junho e a fazer o que nem sempre acontece: “prometeu muito e acabou por cumprir”, comenta.

“Está a ganhar algum terreno. Demorou um bocado até que os organizadores de torneios pegassem no Valorant, porque é um jogo novo (...). As competições, por norma, até têm sido ibéricas [em Portugal]. As coisas estão num bom caminho, há uma baixa de atividade após a beta [versão não finalizada de um videojogo], porque há quem venha experimentar e depois saia”, diz.

Em Portugal, afiança, “tem tendência para crescer”, até por considerar que há “muito melhores jogadores aqui em Portugal do que em Espanha”.

Ainda assim, aponta, as organizações estão “a demorar muito tempo a juntar-se, principalmente em Portugal, e sobretudo por limitações de orçamento”, enquanto em Espanha alguns dos principais clubes, como o Bétis, a Movistar Riders ou a Vodafone Giants, já têm equipas.

Quanto ao First Strike, torneio que “trouxe alguma excitação” por ser o primeiro ‘oficial’, e “com muito dinheiro envolvido”, as equipas vão aproveitá-lo “para mostrar-se”, com a portuguesa B7 Warriors a entrar já nos ‘play ins’, como a espanhola UCAM, com os portugueses Diogo Santos e Dmitro Paliy.

Luís Silva destaca a propensão a jogadores “apostarem em ir para fora”, perante a falta de orçamento e organizações em Portugal, mesmo que vão surgindo equipas, como os Grow Up, a FTW ou os Team Light, entre outros.

Como o jogo está “numa fase competitiva muito embrionária”, com os torneios a surgirem e eventos físicos fora da equação, devido à pandemia de covid-19, é preciso algum tempo até surgirem mais equipas, organizações e investimento, além de que “o modo de vida de Portugal”, com muitos jogadores a terem de trabalhar ou estudar, “condiciona muito o aparecimento” de mais valores.

Um primeiro marco para Portugal foi a vitória no Spike Nations, organizado em novembro pela plataforma de ‘streaming’ especializada em videojogos e esports Twitch, que conseguiu mais de 30 mil euros para o Banco Alimentar Contra a Fome, com a participação de João ‘Darkzone’ Narciso, Guilherme ‘MeetTheMyth’ Bento, Rui ‘TugaTV’ Ribeiro, João ‘Turlin Nole’ Borges e Carlos ‘K0mpa’ Nunes.

“Fui eu que selecionei a equipa do Spike Nations. Falaram comigo, para ver criadores de conteúdos e ‘streamers’ que tivessem capacidades para jogar. O objetivo em que pensei foi ter criadores 100% envolvidos com o Valorant e incluir o ‘k0mpa’, para equilibrar as coisas. (...) Correu melhor do que o esperado”, relata.

Essa mistura de criadores com um jogador foi criticada por alguns quadrantes da comunidade portuguesa, mas Luís Silva explica que era importante mostrar o que há em Portugal a “um público mais casual”, que pode “ser convertido em competitivo”, além de trazer “todo o mediatismo” que acabou por geral.

“Há muita queixa, mas a maior parte de quem faz as queixas, tem uma exposição nula. (...) O Spike Nations pediu criadores de conteúdo, com poucos ou bons números. Fiz este equilíbrio. O grande problema dos jogadores é não se exporem o suficiente e depois queixarem-se de falta de oportunidades”, atira.

A jornalista Sara Lima, da RTP Arena, projeto da estação pública dedicado aos esports e videojogos, destaca a forma como a Riot Games “consegue sempre criar uma boa cena competitiva para o jogo em si”, dando o exemplo do ‘irmão mais velho’, League of Legends, cujas finais do Mundial geraram milhões de visualizações em direto.

“Acredito que no Valorant consigam tratar muito bem a cena. (...) Já temos feito transmissões de Valorant e entrevistado jogadores. Como é tudo uma novidade, e em tempos de pandemia, acredito que no futuro próximo, a nível nacional, se crie um espaço, com torneio ao longo do ano e prémios apetecíveis”, analisa.

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