O vice-presidente para o futebol do 1º de Maio de Benguela, Rui Araújo, lamentou hoje o falecimento de Zandú João, antiga estrela do clube, ocorrido terça-feira, por doença, em Luanda, caracterizando-o como futebolista «muito especial, incansável e grande tecnicista no meio campo».

O dirigente disse à Angop que o antigo médio central foi responsável pela conquista do primeiro título de campeão nacional pelo 1º de Maio de Benguela no Girabola, em 1983, feito histórico repetido em 1985.

«Foi da minha inteira responsabilidade a transferência de Zandú para o 1º de Maio de Benguela, em meados de 1982, depois de ter estado em Kinshasa, na República Democrática do Congo», frisou, recordando, com saudade, o ex-médio central que atuou cerca de sete anos no conjunto proletário.

Enviando as condolências à família enlutada, o dirigente desportivo acrescenta que Zandú foi um jogador com disciplina exemplar em campo e na relação que mantinha com os parceiros.

«Tenho uma impressão positiva do Zandú, uma pessoa de fino trato e cuja morte foi um momento muito duro, não apenas para a família, mas também para o nosso clube e para todos aqueles que o conheciam e conviveram com ele», realçou, lamentando a perda de uma personalidade que o marcou na carreira.

Para o vice-presidente do Estrela Clube 1º de Maio, Zandú era um verdadeiro e inimitável craque, razão por que sempre merecia confiança da equipa técnica da agremiação, pois marcava golos e resolvia, desta forma, os jogos.

«Naquele tempo, Zandú e Maluka faziam uma dupla terrível na equipa», evoca, nostálgico, Rui Araújo, dizendo que o malogrado fez parte da melhor equipa de Angola na década de 1980.

Quanto aos últimos dias de Zandú, o dirigente veterano do 1º de Maio exprimiu, com profunda dor, o desaparecimento físico, tendo em conta que três dias antes de receber a notícia ambos falaram demoradamente, por telefone para abordar o estado de saúde da antiga estrela do futebol.

«Neste dia, ele falou comigo normalmente e até pediu uma ajuda, ao que a direção do clube atendeu logo a seguir, enviando-lhe o que era necessário. Mas, pouco tempo depois, infelizmente fomos informados de que Zandú havia perecido», avança Rui Araújo.

Dada a grande saudade que Zandú João deixou no 1º de Maio, Rui Araújo deu ainda conta que a agremiação tem a intenção de se fazer representar, sábado, no funeral do antigo futebolista, que se realiza às 14h00 no cemitério 14, em Luanda, até porque o clube proletário deve-lhe prestar uma última e digna homenagem.

Por sua vez, Lily, actual jogador do 1º de Maio, confessa nunca ter privado com Zandú João, mas se manifestou consternado com aquilo que sucedeu ao ex-médio central que defendeu as cores do emblema benguelense na década de 1980.

«Estamos destroçados, mas todas as referências que ouvimos acerca dele são positivas, sendo por uma perda insubstituível no desporto nacional», finalizou Lily, para quem o percurso do malogrado pode servir de ícone de inspiração para as novas gerações.

Tendo iniciado carreira no Clube Babete Yakino, da RDC, na década de 1970, e regressado ao país em 1982, altura em que ingressou no Progresso Associação Sambizanga, Zandú João, falecido aos 58 anos, foi três vezes convocado à selecção nacional de futebol, mas sem actuar, devido à concorrência do lugar na época, pois fazia parelha na célebre equipa benguelense com Maluka, André Nzuzi, Garcia, Fusso, Vicy, Simões, Santana, Tadeu e Daniel.

Natural do município de Maquela do Zombo, província do Uíje, Zandú deixa órfãos cinco filhos.