2025 foi um ano especial para muitos clubes do 'velho continente' e pelo mundo fora. Há alguns emblemas que quebraram longos jejuns em matéria de títulos, há outros que nunca tinham experienciado a glória e por isso experimentaram pela primeira vez a sensação de ganhar uma competição.

Começamos por Portugal, onde o Sporting conseguiu sagrar-se bicampeão nacional, algo que não acontecia na história do clube há 71 anos, desde a época de 1953/54. O fecho de temporada não poderia ter sido melhor, depois dos leões terem ainda somado ao bicampeonato a 'dobradinha', ao lograrem a conquista da Taça de Portugal frente ao Benfica.

Em França, o PSG logrou vencer a Liga dos Campeões pela primeira vez na sua história, ao bater o Inter na final por 5-0. Os parisienses há muito que procuravam vencer a principal competição europeia de clubes que se iniciou na temporada de 1955/56. Ainda assim, o PSG só por uma vez tinha atingido a final, em 2020, em plena pandemia da Covid-19, tendo sido derrotado frente ao Bayern no estádio da Luz. A equipa de Paris juntou esta conquista à Liga francesa, Taça de França e Supertaça. Tratou-se do segundo troféu a nível europeu, após terem erguido a Taça das Taças em 1995/96.

Também o Tottenham terminou com uma seca de 17 anos sem ganhar qualquer troféu. Na segunda competição de clubes ao nível da UEFA, os spurs impuseram-se frente ao Manchester United, de Ruben Amorim, Diogo Dalot e Bruno Fernandes, vencendo por 1-0. Os londrinos não venciam qualquer título desde a vitória na Taça da Liga inglesa de 2007/08, sendo que, na Europa, tinha triunfado pela última vez em 1983/84, na Taça UEFA, repetindo 1971/72. Também venceu a Taça das Taças de 1962/63.

Nesse aspecto, no que à quebra de jejuns diz respeito, os clubes ingleses parecem ter firmado um pacto em 2025 no sentido de regressarem à glória. O Newcastle surpreendeu o Liverpool e conquistou a Taça da Liga Inglesa, no primeiro troféu dos Magpies 70 anos depois. A equipa do norte de Inglaterra bateu os reds por 2-1. O Newcastle, que já tinha perdido duas finais da Taça da Liga, não conquistava um grande troféu inglês desde 1954/55, quando ergueu a sua sexta Taça de Inglaterra.

Surpreendente foi também o triunfo do Crystal Palace na Taça de Inglaterra! O Palace impôs-se ao Manchester City por 1-0 enguendo em Wembley o primeiro grande troféu nos 164 anos de história.

Na terceira presença em Wembley, depois de terem perdido as finais de 1989/90 e 2015/16, ambas para a outra equipa de Manchester, o United, os 'eagles' festejaram o primeiro grande troféu do seu palmarés, no qual os triunfos no Championship de 1978/79 e 1993/94 eram os grandes destaques.

O Liverpool foi campeão cinco anos depois...e a Terra tremeu
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O Liverpool voltou a sagrar-se campeão cinco anos depois, ao golear o Tottenham por 5-1, e igualou assim o recorde do Manchester United, ao alcançar o 20.º título, dividindo agora o domínio do futebol inglês em matéria de títulos de campeão. Tratou-se apenas do segundo campeonato inglês do Liverpool em 34 anos.

Mas a lista de recordes não ficou reduzida a terras de sua majestade. Em Itália, o Bolonha venceu a Taça de Itália frente ao AC Milan de Sérgio Conceição, num jogo em Roma decidido pelo suíço Ndoye. Os bolonheses tinham conquistado o troféu em 1970 e 1974 e conseguem o terceiro triunfo 51 anos depois.

Rumando aos Países Baixos, os Go Ahead Eagles fizeram história e lograram o improvável ao conquistarem a Taça neerlandesa. Há quase 92 anos que a equipa de Deventer não vencia o troféu desde o campeonato holandês em 1932/33. Os eagles voltaram a fazer a festa numa final que apenas foi decidida da marca das grandes penalidades.

Na Bélgica, o Union Saint-Gilloise sagrou-se campeão pela primeira vez algo que não acontecia desde 1935. A equipa já tinha ameaçado nos últimos anos, com várias qualificações para as competições europeias mas desta feita subiu ao mais alto lugar do pódiao

O Saint-Gilloise fez a festa face ao triunfo sobre o Gent por 3-1. Ivanovic, aos 11 minutos, e um ‘bis’ de Promise David, aos 68 e 75, decidiram a contenda para a equipa da casa. Quebrou-se assim um longo jejum que já durava há 90 anos para os adeptos de Saint-Gilles. Tratou-se de um enorme feito, depois de um período negro que o clube atravessou, vindo-se inclusivamente relegado para a quarta divisão.

Saindo da 'bolha europeia', na Argentina, o Platense sagrou-se campeão argentino pela 1.ª vez nos seus 120 anos de história. O triunfo sobre o Huracán por 1-0, na final do torneio apertura no estádio Madre de Ciudades, em Santiago del Estero, com um golo de Guido Mainero, permitiu ao clube somar o primeiro título no percurso secular na primeira divisão argentina.

Na travessia para o título, o Platense terminou em sexto no seu grupo na temporada regular, mas na fase a eliminar tirou o melhor de si ao afastar os grandes Racing Avellaneda (1-0), River Plate (1-1 e 4-2 nos penáltis) e San Lorenzo (1-0), antes do triunfo sobre o Huracán, numa reta final na qual sofreu apenas um golo em quatro partidas.

Não em 2025, mas em novembro de 2024, o Botafogo logrou a conquista da primeira Copa Libertadores do seu palmarés. O Fogão, na altura treinador pelo português Artur Jorge, venceu o Atlético de Mineiro por 3-1, numa final disputada em Buenos Aires.

Mas não só os clubes quebraram as maldições e os jejuns. Harry Kane venceu aos 31 anos o primeiro título da carreira ao sagrar-se campeão da Bundesliga com o Bayern.  Também Heung-Min Son soube finalmente o que era vencer um título após 619 jogos oficiais e passagens por emblemas como Tottenham, Leverkusen e Hamburgo. O sul-coreano ergueu a Liga Europa depois dos spurs sobre o Manchester United.

No caso de Harry Kane a maldição parecia quase cósmica e tinha-se estendido ao nível de clubes e seleções. No Tottenham não chegaram os 280 golos e 62 assistências para saborear qualquer troféu ao serviço dos clube britânico. Pelo londrinos, foi derrotado na final da Liga Inglesa (13/15) e também em 2020/21. Mas talvez a mais dolorosa derrota terá sido no embate frente ao Liverpool em 2018/19 na final da Liga dos Campeões. A nível de seleções, o dianteiro foi derrotado em duas finais de Europeus de forma consecutiva, em 2020 e 2024. Primeiro frente à Itália em 2021, e três anos depois frente à Espanha.