O refundado Desportivo das Aves 1930 exige recuperar através de leilão o troféu da Taça de Portugal de futebol conquistado pela extinta SAD em 2017/18, assegurou hoje à agência Lusa o presidente António Freitas.

“Vivemos um período de grande crise, mas vamos fazer tudo o que estiver ao alcance para que a Taça de Portugal venha para o clube. O lugar certo para ela estar é na nossa montra. Estou a preparar com os meus diretores uma proposta para conseguir que este troféu venha para a Vila das Aves”, contou o líder do clube do concelho de Santo Tirso.

Conquistado em 20 de maio de 2018, com uma vitória sobre o Sporting na final da prova ‘rainha’ (2-1), no Estádio Nacional, em Oeiras, o cetro tem sido leiloado em hasta pública no portal e-leilões na Internet, no âmbito da insolvência da SAD do Desportivo das Aves.

Um ‘bis’ de Alexandre Guedes, contra um golo do colombiano Fredy Montero, ‘selou’ um inédito êxito dos nortenhos, então orientados por José Mota, apenas cinco dias depois da invasão à Academia de Alcochete, onde adeptos agrediram vários jogadores ‘leoninos’.

“Acho que esta Taça de Portugal não tem interesse para nenhum clube. Só se tiver para alguém particular cá da terra, mas, se assim for, tem de a oferecer ao Aves e não pode ficar com ela. É uma exigência que farei, mas já estou a tomar todas as providências necessárias para que o clube possa ir a leilão e a taça retorne à nossa montra”, reiterou.

O leilão é gerido pelo Tribunal Judicial da Comarca do Porto e decorre até às 10:00 de 04 de outubro, tendo, a partir de um valor de abertura de 800 euros e de um valor base de 1.600 euros, fixado 1.360 euros como fasquia mínima aceite para a aquisição do troféu.

“Os sócios do Aves têm estado sempre ao lado do clube. Se for necessário um apelo a eles, não se vão pôr de lado. Agora, quase que posso garantir que essa taça vem para a nossa montra. É o único lugar onde ela pode estar”, afiançou António Freitas, ciente de que, até perto das 19:30 de hoje, o último lance de licitação se cifrava nos 2.525 euros.

A maior conquista da história do Desportivo das Aves foi arrestada à SAD em julho de 2020, quando a administração liderada pelo chinês Wei Zhao reprovou nos requisitos de licenciamento nas provas profissionais da temporada 2020/21 junto da Liga de clubes e dispensou o recurso para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol.

Os nortenhos já tinham sido despromovidos desportivamente à II Liga, mas ‘caíram’ pela via administrativa no Campeonato de Portugal, então terceiro escalão nacional, afetados por dívidas salariais e rescisões unilaterais de jogadores, equipa técnica e funcionários.

“Eu cheguei a ver a taça, mas, passado um dia, deixei de a ver. Depois, vim a saber que tinha sido confiscada, mas estava bem guardada. Lembro-me que se contavam filmes e até se achava que tinha sido a antiga SAD a ficar com ela. Já há muito tempo sabia que estava em posse da massa insolvente e fiquei descansado”, reconheceu o presidente.

A SAD, que ainda assistiu ao arresto dos dois autocarros do Desportivo das Aves, optou por desistir de participar no Campeonato de Portugal em setembro de 2020, cinco meses antes de ter sido declarada insolvente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Santo Tirso.

“Os autocarros já estão em nome do clube e conseguimos reavê-los. Agora, tal como os autocarros, vamos conseguir reaver a Taça de Portugal, porque tem para nós um maior significado. Dificilmente vamos conseguir outro êxito igual. Queremos que esta Taça de Portugal esteja na nossa sala de troféus, porque é lá que ela vai ficar muito bem”, notou.

As dívidas da SAD de quase 37,5 mil euros a três clubes estrangeiros levaram a FIFA a impedir o clube de inscrever novos jogadores desde agosto de 2020, mas a direção de António Freitas resolveu refundar as secções de futsal e de futebol dois meses depois, que passaram a representar um novo clube, designado por Desportivo das Aves 1930.

“Recuperámos o que havia e o Aves mantém o espólio que tinha. Devagar, devagarinho, vamos conseguindo erguer este clube. Como dizia no slogan [de campanha eleitoral], estamos a renascer das cinzas. Ainda estamos, mas tudo iremos fazer para honrar este clube, que tem um património bonito. Descemos aos regionais. Já não será comigo, mas espero vê-lo daqui a alguns anos no futebol profissional. É aquilo que sonho”, desejou.

Se a recentemente extinta secção de voleibol feminino competiu sempre na elite e sob a identidade tradicional do Clube Desportivo das Aves, as novas formações de futsal e de futebol tiveram de iniciar pelos escalões mais baixos da Associação de Futebol do Porto.

Duas subidas seguidas permitem aos avenses disputar em 2022/23 a Divisão de Honra, sexto escalão do futebol português, apesar do impasse diretivo quanto à sucessão de António Freitas, de 69 anos, que reassumiu as funções de presidente em junho de 2020.

“Já devíamos ter outra direção, mas não aparece ninguém que tome conta deste clube. Vamos ter uma última assembleia-geral em 03 de setembro. Coloquei o meu lugar à disposição, porque a saúde está muito frágil, mas tudo irei fazer para que o Aves tenha uma solução”, prometeu o dirigente de uma instituição com seis participações na I Liga.

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