O calendário congestionado do futebol não é apenas um risco para a saúde dos jogadores, mas também põe em risco a qualidade e o valor do produto 'futebol'. A opinião é de Maheta Molango, chefe da Associação de Futebolistas Profissionais da Inglaterra (PFA).

As exigências com que os principais jogadores se deparam tem vindo a aumentar constantemente nos últimos anos, isto à medida que as competições expandiram-se e novas provas foram criadas, aumentando as receitas para clubes e países.

O diretor executivo da PFA, Molango, usou o exemplo da vitória do Manchester City sobre o Inter de Milão na final da Liga dos Campeões na temporada passada como exemplo de como o aumento do número de jogos está a prejudicar a qualidade do produto.

"A final da Liga dos Campeões deveria ser nosso 'Super Bowl'. Não foi porque um dos melhores jogadores do mundo (Kevin) De Bruyne saiu aos 30 minutos, (Erling) Haaland estava exausto, Rodri, que é um atleta de ponta, disse após 60 minutos que estava com cãibras. Certamente não é isso que queremos ver", disse Molango no Financial Times Business of Football Summit.

Molango disse que o enorme acordo de direitos televisivos da NFL nos Estados Unidos deveria servir de exemplo para os administradores de futebol de que estender competições e criar novos eventos nem sempre é a melhor maneira de gerar riqueza.

"Para nós, chegamos a um patamar em que não se trata apenas da saúde do jogador, trata-se de matar o produto. Certamente há valor na escassez e a nossa perceção é que, infelizmente, as decisões são tomadas sem levar em consideração os jogadores, que são os ativos deste jogo, estando-se assim a perder uma opinião muito interessante sobre como melhorar a qualidade no campo. Então é uma situação de perda para todos", disse Molango.

O próximo Campeonato do Mundo está previsto passar de 32 para 48 equipas pela primeira vez, enquanto que o Campeonato da Europa e a Taça das Nações Africanas saltaram de 16 para 24 equipas nos últimos anos.

A Copa do Mundo de Clubes da FIFA se tornará um evento de 32 equipes pela primeira vez em 2025 e a fase de grupos da Liga dos Campeões da UEFA envolverá oito jogos por equipe a partir da próxima temporada, em vez de seis.