Eric Cantona, antigo jogador do Manchester United, abordou a forma como alguns jogadores usam a sua influência para mudar o mundo.

Num painel dedicado à iniciativa 'Common Goal', uma iniciativa que pretende que os jogadores doem 1% dos seus rendimentos para um fundo de apoio a iniciativas que utilizam o futebol para melhorar o mundo, que conta já com 135 jogadores, com a 135.ª a ser apresentada nesta conferência: Eni Aluko, jogadora da Juventus e da seleção inglesa.

A lenda dos 'red devils' abordou o poder que o futebol e os jogadores pode ter no mundo à nossa volta.

"(...) podemos usar o futebol para muitas coisas. Vemos jogadores ou ex-jogadores a apoiar candidatos extremistas, vemos cânticos racistas… Vivemos num mundo louco, os jogadores têm de ver o mundo à volta de eles. Eles têm de jogar bem, podem não querer falar, mas ao menos que saibam o que anda à volta deles", dando ainda um exemplo vivido na primeira pessoa, de como o futebol pode influenciar vidas.

"Estive em Cartagena e havia um campo de futebol e perguntei se muitos jogavam lá, disseram que sim, mas que para jogar futebol primeiro tinham de ir à escola. Se se portassem bem, podiam jogar futebol. Eles portavam-se bem e depois jogavam futebol. Óbvio que nem todos vão ser jogadores, talvez um, mas pelo menos foram todos à escola. O poder do futebol é muito importante", afirmou.

Cantona abordou ainda o facto de alguns jogadores não utilizarem o poder que têm para tentar fazer a diferença no mundo à sua volta.

"O que esperamos de um jogador é que jogue bem. Que diga coisas sobre a sociedade, sobre o mundo, é mais pressão nos jogadores. Alguns aguentam a pressão, outros… Como ser humano tenho de tentar melhorar o mundo à minha volta. (...) Alguns jogadores esquecem-se de onde vieram, é importante não nos esquecermos de onde viemos e pensarmos no mundo em que vivemos... (...) agora temos os pais a falar mais aos miúdos sobre fama e dinheiro do que sobre a paixão pelo jogo", declarou.

"Nós somos o que somos. Somos o que queremos ou o que não queremos, mas temos o poder de ajudar os outros", concluiu.