Aleksander Ceferin voltou a apontar a mira aos 12 clubes fundadores da Superliga Europeia, no discurso proferido esta terça-feira durante o Congresso da UEFA.

O líder do organismo europeu começou por afirmar que o futebol não é de ninguém e que o respeito pela tradição e pela história do desporto é da mais elevada importância.

"O futebol não pertence a ninguém. Ou melhor, pertence a todos, porque é parte do nosso património. O respeito pela história. O respeito pela tradição. O respeito pelos outros. Isto significa algo", disse.

Ceferin, disse , em mensagem dirigida aos fundadores da Superliga, que “ainda vão a tempo para mudar de opinião”, e lançou um apelo específico aos clubes ingleses envolvidos.

“Senhores, cometeram um enorme erro. Alguns dizem que é ganância, outros desdenha, arrogância... ainda vão a tempo para mudarem de opinião. Todos cometem erros”, disse o presidente da UEFA, na abertura do congresso do organismo do futebol europeu.

O presidente da UEFA recordou depois que os 12 clubes  nem sempre foram os maiores da Europa e que se o são hoje, é em parte graças ao trabalho da organização.

"Os grandes clubes de hoje não eram necessariamente grandes no passado e não há garantia que o sejam no futuro. O futebol é dinâmico, imprevisível. É isso que o torna num jogo tão bonito. Os clubes que pensam que são grandes e intocáveis hoje devem  lembrar-se de onde vieram. E têm de perceber que se são gigantes europeus hoje, em parte é graças à UEFA...", afirmou.

Ceferin abordou ainda o novo formato para as competições europeias a partir de 2024, aprovado ontem depois de um "longo processo de consultas", considerando que é um passo em frente para o futebol, ao mesmo tempo que há quem tente dar passos atrás.

"Com estas reformas acredito que estamos a construir o futebol do futuro... Enquanto algumas pessoas egoístas estão a tentar matar o jogo bonito", notou.

No discurso, Ceferin disse também estar convicto de que o futebol sairá mais forte desta crise, mas reiterou as críticas ao comportamento dos clubes.

“O dinheiro tornou-se mais importante do que a glória, a ganância mais importante do que a lealdade e os dividendos mais importantes do que a paixão”, disse.

Também no congresso, o presidente da FIFA, Gianni Infantino, ameaçou os clubes envolvidos no projeto de uma Superliga Europeia, ao considerar que terão de viver com as consequências das suas escolhas.

“Se alguns escolherem seguir o seu próprio caminho, devem viver com as consequências das suas escolhas. São responsáveis por essas escolhas. Isto significa exatamente que ou estás dentro ou estás fora, não podes estar meio dentro e meio fora”, disse o líder do organismo máximo do futebol mundial.

No domingo, 18 de abril, AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, FC Barcelona, Inter Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham anunciaram a criação da Superliga europeia, à revelia de UEFA, federações nacionais e vários outros clubes.

A competição vai ser disputada por 20 clubes, 15 dos quais fundadores – apesar de só terem sido revelados 12 – e outros cinco, qualificados anualmente.

A UEFA anunciou que vai excluir todos os clubes que integrem a Superliga, assegurando contar com o apoio das federações de Inglaterra, Espanha e Itália, bem como das ligas de futebol destes três países.

Entretanto, o organismo que rege o futebol europeu anunciou o alargamento da Liga dos Campeões de 32 para 36 clubes, a partir de 2024/25, numa liga única, com cinco jogos em casa e outros tantos fora.

*Artigo atualizado às 11h22