Os clubes dependem de acordos com os futebolistas que terminam contrato em 30 de junho para os manter até ao fim dos campeonatos e garantir a integridade das competições, considerou hoje Daniel Cravo, especialista em direito desportivo.

“A prioridade dos clubes tem de ser acabar o campeonato com o seu atual plantel para manter a integridade da competição. Mas sabemos que não é fácil, porque o jogador pode não querer arriscar uma lesão ou o seu novo clube pode querer tê-lo nessa altura”, disse o advogado brasileiro, que recomenda o diálogo entre as partes.

A este propósito, o especialista, que assessora tanto jogadores como clubes, recorda que “a FIFA não diz que os contratos devem ser automaticamente prorrogados, ela deseja que essa extensão possa ser conseguida pela integridade da competição, que as provas terminem com os atletas que estavam comprometidos no início da época”.

“Sem um acordo, vai ser muito difícil obrigar um jogador a permanecer, se não quer estar num clube”, sentenciou.

O causídico entende que a circular emitida pela FIFA a propósito dos efeitos da pandemia na competição e nos contratos dos futebolistas deve ser entendida “como uma proposta, não como uma obrigação”

Daniel Cravo concorda com o organismo quando diz que o futebol vive uma situação de “força maior”, algo “muito relevante” e que “no futuro vai ser utilizado por qualquer das partes em possíveis litígios derivados deste cenário”.

Defendeu ainda “acordos coletivos com base legal” no que toca às reduções de salários dos futebolistas em vários clubes.

A nível global, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 141 mil mortos e infetou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 629 pessoas num total de 18.841 confirmadas como infetadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.

A doença é provocada por um novo coronavírus detetado no final de dezembro em Wuhan, uma cidade do centro da China.