A 39.ª edição do torneio internacional de futebol infantil do CAC Pontinha deveria decorrer entre quarta-feira e domingo, envolvendo 250 jovens jogadores, mas o surto do novo coronavírus e o estado de emergência decretado em Portugal obrigou à suspensão da prova.

Em declarações à Lusa, o presidente do CAC, António Roque, falou do impacto financeiro que a suspensão do torneio pode vir a provocar no emblema do concelho de Odivelas, que tem na prova “um pé de meia para a época vindoura”.

“Este é um torneio que começa a ser preparado desde o final da edição anterior. Tivemos de fazer reservas muito antecipadas, tanto dos hotéis, como das viagens. Uma parte financeira já está paga, cerca de 50% dos valores, que é bastante para o clube. Estamos a tentar resolver, mas não está a ser fácil conseguir reaver esse dinheiro”, explicou o dirigente.

O torneio organizado pelo CAC Pontinha encontra-se suspenso e não definitivamente cancelado, enquanto outras organizações de provas semelhantes, como a IberCup, que se disputaria de 08 a 10 de abril, em Cascais, optaram pelo adiamento, mas António Roque não vê datas para a realização do torneio em 2020.

“Como o torneio já é um símbolo do clube, que vive um bocado à volta desse torneio, estar um ano parado, para nós, é muito mau. Ficou suspenso, mas não estou a ver datas para este ano. É um torneio feito sempre na Páscoa, em outra data também é complicado fazer”, realçou António Roque.

Para esta edição, estavam confirmados, além da equipa da casa, Benfica, Sporting, FC Porto, Sporting de Braga e Vitória de Setúbal, aos quais se juntavam os espanhóis do Bétis, os holandeses do PSV Eindhoven, os belgas do Anderlecht e os dinamarqueses do Nordsjaelland.

“Ficou em aberto retomar o próximo torneio com as mesmas equipas, mas temos de ver na altura. Vai depender da disponibilidade deles e da disponibilidade dos apoios. Este ano, o torneio era feito dentro da Cidade Europeia do Desporto 2020 [atribuído a Odivelas]. Os apoios eram diferentes e, por isso, é que trazíamos equipas de topo”, sublinhou.

O impacto económico da COVID-19 é “uma incógnita para o próximo ano” e, como tal, António Roque não sabe “se os apoios serão os mesmos, nem como estará a situação económica do país para as Câmaras Municipais e entidades que normalmente apoiam o torneio”.

Apesar de decorrerem “algumas conversas entre essas entidades e o CAC”, o presidente assegurou que a preocupação, neste momento, “é tentar resolver a situação financeira para os próximos tempos”.

“Um clube que vive à base das mensalidades das escolas de futebol, estando parado uma série de tempo, complica a sobrevivência de clubes como o nosso. Não há verbas, nem nada. Fazemos sempre um pé de meia no torneio para que a época seguinte corra bem. Não havendo torneio, vai ser complicado”, lamentou.

Sendo uma prova de apenas um escalão, para crianças com 12 ou 13 anos, o cancelamento da prova impede que, em 2021, os jovens atletas participem na competição e tenham a oportunidade de jogar diante de equipas de topo, nacionais e estrangeiras, sendo “uma frustração enorme” para miúdos, pais e clube.

“Para o CAC, é a frustração dos miúdos. Isto é uma vez na vida, é aquela idade. Para o ano, já serão iniciados, já não poderão participar. Foi um ano todo a pensar no torneio, os pais também, nós também e agora, chegando a altura e não haver torneio, principalmente para os miúdos que iam participar, é uma frustração enorme”, concluiu.