A ‘capitã’ da seleção feminina de futebol, Dolores Silva, considera uma “tristeza profunda” os recentes casos de assédio sexual em Portugal, apelando às vítimas para que tenham coragem de os denunciar, eliminando da sociedade estes episódios.

“É uma tristeza profunda. Afeta não só o futebol, infelizmente, mas vários setores da nossa sociedade. Estamos solidárias com todas as vítimas e apelamos àquelas que não falaram ainda a que consigam igualmente ter a coragem que estas meninas tiveram para denunciar”, afirmou, à margem das declarações sobre o confronto com a Bélgica.

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) criou uma plataforma na qual as vítimas de assédio sexual no futebol podem fazer denúncias de forma segura e anónima, tendo as jogadoras da seleção feminina posado para fotografias com uma tarja “Denuncia! Em integridade.fpf.pt”, antes do treino de segunda-feira, na Cidade do Futebol, em Oeiras.

“É importante que não tenham medo de falar, porque isto é um aspeto triste, que tem de ser rapidamente eliminado da nossa sociedade”, expressou Dolores Silva, que frisou que faz parte de cada um tentar “incutir às pessoas que não tenham receio e medo de falar, porque é um assunto sério e convém ser relatado para não voltar a acontecer”.

Várias futebolistas que alinharam no Rio Ave em 2020/21 denunciaram, numa notícia publicada na semana passada pelo jornal Público, ações de assédio sexual do então técnico do clube de Vila do Conde Miguel Afonso, que atualmente era treinador do Famalicão, tendo também o diretor desportivo Samuel Costa sido alvo de um processo disciplinar.

“Vamos estando alerta para tudo o que sejam campanhas, para podermos estar dentro do assunto e mostrarmos a nossa solidariedade. Um dia são estas colegas e noutro dia podemos ser nós. Acho importante que haja campanhas, pode dar uma coragem às pessoas que ainda não falaram por medo, pois isto é sempre um tema sensível”, disse.

Instada a comentar se o profissionalismo no futebol poderia acelerar a eliminação dos casos de assédio sexual, a jogadora do Sporting de Braga considerou que “não tem só a ver com o amadorismo”, porque é algo “intrínseco” na sociedade “há muitas décadas”.

Também as internacionais portuguesas Ana Borges e Sílvia Rebelo abordaram o tema, com a primeira a não se mostrar totalmente surpreendida com este tipo de notícias: “Se me surpreende ou não, já não me surpreende tanto. Cada vez se vê mais isto, não só no futebol e no desporto. É um momento triste e uma situação muito desagradável para quem a vive. Só podemos desejar sorte e dar o nosso apoio”.

“Forte apoio e força para todas elas. Não se calem, denunciem e não tenham medo. Entendo que, por vezes, haja esse receio, mas há plataformas onde o podem fazer de forma anónima e onde não têm de se expor. São situações muito delicadas e, da minha parte, em tudo o que eu puder ajudar, desde já dou apoio a todas elas”, apelou ainda.

Sílvia Rebelo também encorajou as vítimas: “Estamos solidárias. Encorajamos todas as pessoas que sofrem. Isto não é apenas no futebol, é na sociedade. Infelizmente, agora aconteceu no futebol, mas dar-lhes força e coragem para não se calarem".

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