Grigory Rodchenko, que diz ter informações sobre doping no futebol russo, só muito recentemente teve permissão para falar oficialmente à FIFA, assegurou hoje a Agência Mundial Antidoping (AMA).

"O facto é que o Dr. Rodchenkov esteve disponível apenas recentemente para testemunhar em processos judiciais iniciados pelas Federações Internacionais. Ele não poderia fazê-lo antes devido às restrições implementadas pelas autoridades americanas na sequência de uma investigação em curso nos Estados Unidos", explicou a AMA.

O advogado de Grigory Rodchenkov acusou a FIFA de não ter entrado em contacto com seu cliente apesar deste possuir "informações sobre futebolistas russos protegidos pelo sistema de doping estadual” no país.

Jogadores russos que estiveram no Mundial2014 estão entre os 34 casos de futebolistas identificados numa investigação global ao alegado esquema de doping na Rússia.

Como resposta às acusações do advogado, a FIFA explicou que tentou contactar Rodchenkov até 22 de novembro de 2017 através da AMA e que foi informado por este de que não estava disponível.

Desde então, o organismo que tutela o futebol mundial aguarda a reapreciação das amostras, planeadas a partir de meados de janeiro, em conexão com a AMA, para voltar a contactar Rodchenkov.

"O processo está em andamento e, a devido tempo, a FIFA entrará em contacto com o Dr. Rodchenkov através do canal acordado", esclarece a FIFA.

Chefe do laboratório antidoping de Moscovo durante dez anos, até 2015, Grigory Rodchenkov está na origem de revelações sobre um sistema de doping institucionalizado no desporto russo.

Este escândalo levou à exclusão dos atletas russos dos Jogos Rio2016, bem como dos Jogos Olímpicos de Inverno2018 que vão decorrer de 09 a 25 de fevereiro na Coreia do Sul, sendo que os atletas ‘limpos’ podem participar sob a alçada da bandeira olímpica.

Quanto ao futebol, e com a aproximação do campeonato do Mundo que a Rússia organiza no verão de 2018, a FIFA sempre se justificou com o facto de até agora todos os testes revelados serem negativos.

"Se houvesse um grave problema de doping no futebol, saberíamos, seja na Rússia ou em qualquer outro país do mundo", disse o presidente da FIFA, Gianni Infantino, a 01 de dezembro.

Em agosto de 2015, antes dos Mundiais de atletismo de Pequim, o canal alemão denunciou novos casos de doping, visando atletas russos e quenianos, entre os quais medalhados e campeões olímpicos.

A AMA divulgou em novembro de 2015 as primeiras conclusões do relatório feito pela sua comissão independente, propondo a exclusão do atletismo russo dos Jogos Olímpicos Rio2016, o que viria a acontecer, enquanto a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) suspendeu a federação russa, que aceitou a pena.

Em julho de 2016, ocorreu novo abalo, com a divulgação da primeira parte do relatório independente da AMA, da autoria do professor canadiano Richard McLaren, que denunciou um sistema de doping estatal, envolvendo 30 modalidades, entre 2011 e 2015.

A segunda parte do designado relatório McLaren, publicado em dezembro de 2016, concluiu pela existência de “manipulação sistemática e centralizada de controlos antidoping”.