Javier Tebas teceu duras críticas à Google, por, na sua opinião, nada fazer para combater a pirataria digital. O presidente da Liga Espanhola de Futebol falou na abertura do segundo dia da terceira edição da cimeira Thinking Football, que promove debates sobre a modalidade com oradores nacionais e internacionais entre quinta-feira e sábado, no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, sob organização da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).
Números da pirataria: "A pirataria, só neste início de época, aumentou 20% em Espanha. Uma em cada 3 pessoas vê futebol grátis pela pirataria. E se não houvesse penalizações haveria muito mais pirataria. Os direitos marcaram sempre a diferença. Temos de lutar contra a pirataria. Vemos futebol através de uma app."
Onde está o problema? "O problema é dos titulares e não do audiovisual. Não sabemos bem como funciona a pirataria. Sabes que um senhor tem um IP que transmite e o consumidor pirata consome. Como se consegue isso? Consegue-se através do computador, entrando pelas operadoras. É importante que isto acabe. Estão em servidores, é preciso saber onde. Pode comprar-se todas as ligas. Telegram, Meta... são alguns dos lugares onde circula a informação sobre a pirataria de como ver futebol."
Como lutar contra a pirataria? "Estamos numa fase em que se não conseguimos lutar corretamente ou eliminar a pirataria, não vamos crescer. Quem pagou pelos nossos direitos tem menos subscritores, porque as pessoa vêm através da web, da VPN. Quando queremos renovar contratos, vão pagar-nos menos. Este é um problema dos titulares, não do operador audiovisual. Tenho a sensação de que não há uma consciência clara disto."
Críticas à Google: "Sabemos bem como funciona a pirataria e que atores há. Há empresas muito importantes que são cúmplices. A Google, sobretudo, é autêntica cúmplice deste roubo audiovisual que nos estão a fazer. Mantemos contactos bastante duros com eles. Se queremos lutar bem contra isto, a chave não é dizer isso. Isso digo todos os dias. Vamos denunciar quem nos rouba, porque é cúmplice. Porque aí está o problema. Se a Google quisesse eliminaria 90% da pirataria. Estas grandes companhias podem solucionar, logicamente. Mas não querem. Se não estivermos conscientes de que há muitos atores na pirataria e de que todos nos estão a roubar, não solucionaremos o problema."
Centralização dos direitos de TV em Portugal: "O futebol, e quase todos os grandes desportos, têm os direitos audiovisuais centralizados na organização que gere a competição. Isso terá uma razão de ser. Os portugueses não serão melhores por terem a venda desses direitos individualizados, quando o resto do mundo não o tem. Em Portugal, há esta lei que diz que os direitos têm de ser centralizados antes de 2028. Isto permite haver um espaço, que é muito importante e que não aconteceu em Espanha ou em Itália, para estabelecer como é que vamos dividir os direitos audiovisuais pelos clubes."
Como dividir os direitos? "Esse é o maior problema. Em Espanha, quando falámos disto, ninguém queria. Estive quase um ano e meio a negociar com o Governo e os clubes estavam sempre a perguntar como é que íamos dividir. Eu disse-lhes sempre para não se preocuparem porque iam ficar incomodamente satisfeitos. Não confortáveis, mas satisfeitos. Isto significava que a divisão não seria má, talvez quisessem mais, mas nunca seria má. Mas é necessário, porque é muito difícil que consigas convencer todos os clubes sobre a distribuição. Há um clube que pensa que é melhor que o outro, é normal."
Comentários