João Capela encerrou a carreira de árbitro profissional de futebol no final da última temporada e admite, em entrevista à TSF, que, "infelizmente", ele e a família chegaram a ser ameaçados.

"É uma coisa que acontece a muitos colegas nossos, mais até à nossa família mas que temos de aprender a viver com isso. A solução é, como fiz algumas vezes, mudar de número de telefone, de e-mail e começar a viver", explicou Capela.

O lisboeta garantiu ainda nunca ter sido subornado, salientado que a carreira de árbitro "dá para viver bem" quando se chega à primeira categoria (árbitros da I Liga e da II Liga).

"O problema é que para se chegar a este estatuto são precisos no mínimo 15 anos de carreira, onde começamos a ganhar cinco euros por jogo. É uma progressão, não é imediato, não se consegue viver logo da arbitragem", revela o antigo árbitro, relembrando momentos difíceis quando era árbitro das divisões distritais, nomeadamente quando teve dificuldades em deixar o estádio, mas realça que não teve "grandes episódios de grande violência".

Árbitros vão perdendo a afinidade clubística ao logo da carreira

Na mesma entrevista, João Capela frisou que um árbitro de primeira categoria ganha 1200 euros num jogo da I Liga e 900 euros na II Liga, variando conforme a categoria (se é ou não árbitro internacional com as insígnias da FIFA).

O ex-árbitro confessou ainda que os árbitros perdem a afinidade clubística ao longo da carreira: "Ninguém nasce árbitro, toda a gente que gosta de futebol nasce com alguma afinidade a um clube, é óbvio. Ninguém pode dizer que o árbitro não pode ter clube. À medida que vamos progredindo na carreira a afinidade clubística desaparece, não tenho dúvidas nenhumas disso. Estamos tão envolvidos na nossa atividade que depois perdemos aquela perspetiva do adepto".

"Um árbitro não é adepto de futebol, gosta de futebol, mas é árbitro. Temos sempre de ter equilíbrio. A vertente adepto vai começando a desaparecer", reiterou.

Agora que encerrou a carreira de árbitro de futebol, Capela vai agora dedicar-se à ética no desporto e a apitar jogos de basquetebol.