O Osijek tem crescido em competitividade desde a chegada de José Boto à direção desportiva do quarto classificado do escalão principal da Croácia, cuja seleção defronta Portugal na segunda-feira para a Liga das Nações de futebol.
“O objetivo a que me propus sempre foi não acabarmos o campeonato a 20 pontos do primeiro lugar. Até já disse que preferia ficar na quarta posição, que dá acesso às provas europeias, a seis pontos [do vencedor] do que em segundo a 20 a tal, porque significaria que estamos mais competitivos. Queremos jogar cara a cara com os ‘grandes’ clubes do país e é isso que se tem passado”, enalteceu o dirigente, em entrevista à agência Lusa.
Oficializado em 11 de janeiro como diretor desportivo do Osijek, José Boto assinou até junho de 2026 pelo emblema da quarta maior cidade da Croácia, situada cerca de 280 quilómetros a este da capital Zagreb, replicando as funções exercidas anteriormente no campeão grego PAOK Salónica (2021-2023).
“Para ser sincero, é um projeto inovador, com umas infraestruturas físicas ao nível de um Benfica. A grande motivação foi poder construir alguma coisa de raiz”, explicou o antigo líder do departamento de observação das ‘águias’ (2007-2018), das quais saiu rumo ao bicampeão ucraniano Shakhtar Donetsk (2018-2021), tendo trabalhado em momentos diferentes com os treinadores portugueses Paulo Fonseca e Luís Castro.
O Osijek nunca foi campeão nacional, mas participou em todas as edições da Prva HNL desde a independência da Croácia, em 1991, e foi segundo colocado em 2020/21, atrás do hegemónico Dinamo Zagreb, recordista de cetros (25) e atual heptacampeão em título.
“Olhando para a qualidade de jogo, as distâncias estão mais esbatidas entre o Dinamo, o Hajduk Split, o Rijeka e nós. Estamos todos muito embrulhados [nos lugares cimeiros da classificação] e acaba por haver maior equilíbrio. Agora, sabemos que o Dinamo tem o peso de ser o Dinamo a vários níveis, até na confiança dos jogadores”, notou José Boto.
O Hajduk chegou à mais recente paragem do campeonato para os compromissos das seleções nacionais na liderança isolada, com 28 pontos, em 13 jornadas, contra 25 do ‘vice’ Rijeka, e 24 do Dinamo Zagreb, terceiro classificado, estando o Osijek e o Varazdin igualados na quarta posição, ambos com 20 pontos.
“Tivemos um começo um pouco atribulado. Nesta altura, estamos num momento muito bom e a cinco pontos do segundo lugar. O objetivo de ficar mais próximo do topo está a ser cumprido. Por outro lado, quisemos profissionalizar um pouco mais o clube, que tem umas infraestruturas fantásticas, mas precisava de subir o nível naqueles departamentos diretamente relacionados com o futebol. Até agora, estamos a consegui-lo”, avaliou.
Seis vitórias nas últimas oito jornadas, uma das quais no terreno do Dinamo Zagreb (4-2), aproximaram o Osijek da zona de acesso às provas europeias, retificando um início negativo de época, no qual foi afastado na terceira pré-eliminatória de qualificação para a fase de liga da Liga Conferência, ao perder com os azeris do Zira no desempate por penáltis.
“Fizemos um ponto nas cinco primeiras jornadas, que foram bastante marcadas pelo facto de termos começado muito cedo a temporada. Não perdemos nenhuma partida na Liga Conferência, mas fomos eliminados e isso tem sempre um peso negativo. Depois, o mercado de transferências estava aberto e tínhamos jogadores a sair ou a entrar. Isso não nos permitia ter estabilidade e acabámos por pagá-lo no arranque do campeonato”, traçou.
Na Croácia, antiga república da extinta Jugoslávia, José Boto tem visto uma realidade competitiva “à imagem do ADN do futebolista croata”, com “muito talento e qualidade técnica”, mas “um pouco atrasada a nível do treino e com alguma falta de cultura tática e intensidade”.
Além do extremo luso-guineense Mesaque Djú (Gorica), campeão europeu de seleções de sub-17 e sub-19 em 2016 e 2018, respetivamente, a representação portuguesa cinge-se ao internacional sub-21 Tiago Dantas, companheiro de equipa do dianteiro luso-cabo-verdiano Hernâni no Osijek, ao qual chegou em maio Alfredo Almeida, ex-coordenador técnico do Benfica.
“Para terem uma ideia, as pessoas chamam ao Tiago Dantas o novo Luka Modrić [risos], devido à sua qualidade e dinâmica e ao facto de não falhar um passe. Tendo a oportunidade de jogar e a confiança do treinador, mostra qualidades enormes. É um futebolista específico para um determinado tipo de jogo e necessita dessa confiança”, finalizou José Boto, que coincidiu com o médio na formação ‘encarnada’ e em Salónica.
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