O presidente da junta de Freguesia de Campanhã, Ernesto Santos, absteve-se, esta segunda-feira, na votação sobre a cedência de utilização do Complexo Desportivo de Campanhã ao Sport Comércio e Salgueiros, por não ter sido informado desta decisão.
"Disse-o aqui na última assembleia que sempre que tivesse que criticar ou mostrar a minha indignação o faria, e faço-o no sentido de ter sido passado ao Sport Clube de Salgueiros o desportivo de Campanhã sem que a junta fosse ouvida. Eu soube disto quando recebei os documentos desta assembleia", afirmou na sessão extraordinária da Assembleia Municipal do Porto.
Para Ernesto Santos este "não é o tratamento que se deve ter com as juntas", que geriu aquele desportivo até 2011 e que teme agora que os interesses das restantes coletividades de Campanhã, como o Desportivo de Portugal, não estejam devidamente salvaguardados.
"O desportivo de Portugal está a dias de ser despejado porque aqueles terrenos vão ser necessários para o interface de Campanhã, declarou, apelando que "salvaguardem os interesses do Desportivo de Portugal".
Na sua intervenção, o presidente da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira, começou por pedir desculpa a Ernesto Santos.
"A minha primeira palavra é para lhe pedir desculpa. Peço-lhe desculpa se não foi informado tem toda a razão e devia ter sido. Agradeço-lhe ter aceite o meu pedido de desculpa", afirmou.
Rui Moreira explicou, contudo, que, desde 2005, que a camadas jovens do Salgueiros utilizam o Complexo Desportivo de Campanhã, utilização que tem sido crescente nos últimos anos.
O que está previsto, acrescentou, "é que os 600 mil euros que lá pretendem investir se destinam a construções de vedações, colocação de um novo relvado, reabilitação e ampliação do balneário, introdução de painéis solares e também dotar a bancada de 400 lugares sentados, como promover a sua cobertura", estando assegurada a ressalva que de o complexo não será apenas utilizado pelo Salgueiros.
Quanto ao Desportivo de Portugal, o independente assegurou que aquela coletividade vai ter a sua situação acautelada quando o campo Ruy Navega for destruído para dar início à construção do Terminal Intermodal de Campanhã.
"Logo que assim seja possível lançaremos o projeto. Mas também lhe posso dizer que nós, entretanto, encontraremos uma solução para o desportivo de Portugal. Posso-lhe garantir que não fica pendurado (...) porque o Desportivo de Portugal não tem culpa que entre o estado e a Câmara Municipal do Porto se tenha assumido compromissos que a câmara cumpriu, mas o estado incumpriu", sustentou.
Em causa está um conflito em entre a autarquia e o Governo, motivado pelo atraso na entrega de um terreno prometido à Câmara do Porto, em troca da nova unidade de saúde.
"Sucede, porém, que, enquanto a câmara cumpriu escrupulosamente as suas obrigações, o estado não as cumpriu. (?.) Andamos a ser tangueados durante este tempo", afirmou Rui Moreira.
Segundo o independente, e apesar de o Governo ainda não ter cumprido o acordo, as chaves do novo edifício do Centro de Saúde de Ramalde vão ser entregues à Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) "ainda esta semana", esperando que a transmissão do terreno, onde vai ser construído o novo campo do Desportivo de Portugal, seja concluída, no prazo máximo de 90 dias.
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