Em entrevista à agência Lusa, o técnico português defendeu que um clube não pode investir dois ou três anos seguidos como o Real Madrid fez em 2009, quando contratou Cristiano Ronaldo, Kaká e Benzema, pelo que este ano “tem de ir com cautelas e com uma filosofia de aproximação ao mercado completamente diferente”.
“Eu compartilho exactamente as mesmas ideias, aceito perfeitamente que a gestão seja feita nesse sentido e não vamos ser os campeões do mercado, não vamos contratar os melhores jogadores do Mundo, não vamos contratar os jogadores mais caros”, disse.
O treinador afirmou que o clube vai “sair um bocadinho daquilo que era a filosofia conhecida do Real e entrar um bocadinho por um tipo de jogador com maior projecção, com menos status, com maior espaço para o processo de aprendizagem”.
“Entrámos por um Di Maria, que foi caro, mas é um miúdo com 20, 21 anos que tem potencial para se desenvolver, se calhar estamos a ir na direcção do Khedira, que é outro jogador com 22, 23 anos também com uma margem diferente, estamos a ir numa direcção um bocadinho diferente, mas é uma direcção que me agrada”, referiu.
Após a contratação de Di Maria, que “é basicamente um ala, apesar de poder jogar um bocadinho mais por dentro, como fez agora na selecção e como alguma vez fez no Benfica também”, José Mourinho pensa num “jogador do meio campo, um defesa”, mas tudo “feito com equilíbrio”, sem “dramatismos”, nem “grande pressão”.
“A base de jogadores do ano passado é uma base agradável, positiva, e aqueles que entrarem, dois, três, quatro, [são] para tornarem as coisas um bocadinho mais competitivas e para me darem um bocadinho mais de opções”, disse.
O que não lhe agrada é a tendência para os plantéis “ficarem definidos no último dia” do mercado: “Quando os campeonatos começam a 20, a 22, a 23, a 24 de Agosto, eu não gosto que o mercado feche a 31. Não gosto de receber jogadores com o campeonato a decorrer, não gosto de receber jogadores um, dois dias antes de o campeonato começar”.
Segundo defende, “o mercado devia ter uma data limite que pressionasse os clubes a resolver as coisas um bocadinho mais depressa”, mas a definição do seu plantel também pode tardar pelo facto de o Real Madrid ser “um clube que vive dificuldades a esse nível”.
“Quando o Real se interessa por um jogador, os valores disparam de uma maneira astronómica. É difícil para o Real comprar, porque tem de comprar sempre muito caro, é difícil para o Real vender, porque os clubes querem aproveitar-se da situação económica do Real para não comprarem bem ao Real”, justificou.
De Ronaldo, diz que “deve-se esperar aquilo que tem acontecido todos os anos” – “assistências, golos, golos importantes, golos decisivos, títulos”, pois “com a excepção do ano passado foi sempre conquistando e somando títulos.”
“É um jogador de alto rendimento, eu não posso esperar outra coisa dele, até porque os níveis de motivação do jogador são intocáveis. As pessoas podem falar dele aquilo que quiserem, não podem é dizer que não é um grande profissional, não podem dizer que não é um jogador que trabalha e que treina sempre nos limites, portanto para mim não vejo nenhum tipo de problema”, referiu.
Para Mourinho, Ronaldo e Di Maria são “obviamente” compatíveis. “Não vejo problema nenhum. Jogando com três atacantes, podem jogar os dois, jogando com dois atacantes, o Di Maria pode jogar mais sobre o meio campo”.
Mourinho considera que “não é fácil” a transferência de Rodrigo para o Benfica, porque “é dos jogadores com maior projecção da ‘cantera’ do Real” e, se ficar no clube, pensa “integrá-lo” no seu plantel, mas não se opõe a um bom negócio em que o clube fique com a hipótese “de o recuperar no futuro”.
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