O futebolista internacional português Nélson Semedo confessou, em declarações ao jornal Público, que, “hoje, teria feito o mesmo que Marega”, quando em 2017 também foi alvo de insultos racistas no estádio do Vitória de Guimarães.
“Hoje, teria agido de maneira diferente. Na altura não era tão maduro. Se fosse hoje, teria feito exatamente o mesmo que fez o Marega. Teria saído de campo”, expressou o jogador do FC Barcelona, num e-mail enviado ao jornal Público.
Em janeiro de 2017, num encontro da Taça da Liga, o lateral direito, então ao serviço do Benfica, gesticulou para a bancada, em reação aos insultos de que estava a ser alvo, tendo mesmo sido admoestado com um cartão amarelo pelo árbitro Carlos Xistra, no final da primeira parte.
O internacional luso classificou de “lamentável o que se passou em Guimarães”, afirmando que “no futebol, como em tudo na vida, não pode haver espaço para o racismo” e que o avançado do FC Porto “foi muito corajoso por ter saído do jogo” de domingo, com o Vitória de Guimarães, no Estádio D. Afonso Henriques.
Semedo revelou que, em 2017, foi “muito apoiado” pelos “colegas e por todo o staff do Benfica”, mas “nem tanto” pela opinião pública. O lateral direito lembrou mesmo que leu um artigo em que condenavam o seu gesto e no qual consideravam que “o cliente [os adeptos] tem sempre razão”.
Nélson Semedo referiu que o racismo “é um problema global”, que tem sido cada vez mais comum “por falta de punição ou por punição leve por parte da UEFA ou dos responsáveis de cada federação”.
“Na minha opinião, o que o árbitro tem de fazer é terminar o jogo e não esperar que um jogador sofra tanto ao ponto de ter de abandonar a partida”, acrescentou.
No domingo, em Guimarães, durante um jogo da 21.ª jornada da I Liga de futebol entre o Vitória de Guimarães e o FC Porto, o avançado maliano dos 'dragões' Moussa Marega abandonou o jogo, após ter sido alvo de cânticos e insultos racistas por parte de adeptos da equipa minhota.
Vários jogadores do FC Porto e do Vitória de Guimarães tentaram demovê-lo, mas Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo, tendo acabado por ser substituído, numa altura em que os 'dragões' venciam por 2-1, resultado com que terminou o encontro.
Ao abandonar o relvado, Marega apontou para as bancadas do recinto vimaranense, com os polegares para baixo, numa situação que originou uma interrupção de cerca de cinco minutos.
Na sequência do sucedido, o Ministério Público já instaurou um inquérito relacionado com os cânticos e insultos racistas dirigidos ao futebolista, que está "em investigação" pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Guimarães, informou hoje a Procuradoria-Geral da República.
Vários responsáveis políticos, como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa, já condenaram o episódio.
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