A pandemia de COVID-19 veio trazer alterações à forma como os clubes na cinco principais ligas europeias se reforçaram na última janela de mercado, mas não impediu que a inflação dos preços dos jogadores continuasse a aumentar, ainda que se tenha assistido a um abrandamento da mesma.
É o que diz o CIES - Observatório do Futebol num relatório publicado esta quarta-feira, no qual foram analisados os negócios realizados pelos clubes das ligas inglesa, espanhola, alemã, italiana e francesa, para colocar à prova a ideia de que a pandemia iria fazer com que as grandes transferências de outros mercados não fossem vistas este verão.
Menos investimento
A pandemia veio impactar as contas dos clubes dos 'big five' que se viram obrigados a reduzir o volume de investimentos total nos dois mercados de 2020, claramente influenciado pelo mercado de verão, já afetado pela COVID-19. Registou-se uma quebra de 30% no volume de investimentos dos clubes em comparação com o ano de 2019, isto tendo em conta os mercados de inverno e verão. Se tiveremos apenas em conta o mercado que terminou na passada segunda-feira a quebra é de 43%.
As cinco principais ligas europeias registaram quebras no investimento do mercado de verão, mas as quebras variaram de liga para liga, com a Premier League a registar uma quebra de 'apenas' 10%, enquanto que a La Liga viu o investimento cair em 75% quando comparado com 2019.
Valores pagos por transferências nos mercados de verão 2019 e 2020
Premier League: 2019 - 1649 M € | 2020- 1492 M € (-10%)
Ligue 1: 2019 - 755 M € | 2020 - 474 M € (-37%)
Serie A: 2019 - 1276 M € | 2020 - 667 M € (-48%)
Bundesliga: 2019 - 777 M € | 2020 - 333 M € (-57%)
La Liga: 2019 - 1397 M € | 2020 - 348 M € (-75%)
Mais empréstimos, mais custo zero
Além da diminuição no volume de investimentos, os clubes passaram a recorrer mais às contratações a custo zero e aos empréstimos.
Em média, registou-se um aumento de 6,1% nas aquisições a custo zero por parte dos emblemas das cinco principais ligas europeias, sendo que o maior aumento foi registado na Bundesliga com mais 15,3% quando comparado com o verão de 2019. A Premier League volta-se a destacar das restantes quatro por ser a única onde a percentagem de contratações sem envolverem pagamento de taxa de transferência ter diminuído em um por cento.
% de jogadores a custo zero entre todos os reforços dos clubes
O recurso aos empréstimos também aumentou, tendo subido em média 6,9 por cento. A Serie A foi a que registou um maior aumento no recurso aos empréstimo, registando um aumento de 12,9 por cento em relação ao mercado homologo do ano anterior. A Ligue 1 foi a única a registar um decréscimo nos reforços por empréstimo, com -1,6 em relação a 2019.
% de empréstimos no total de reforços
Caiu tudo, menos o preço dos jogadores
Apesar do valor total de investimentos dos clubes no mercado ter diminuído e do recurso aos jogadores por custo zero e por empréstimo ter aumentado, houve um parâmetro que não se viu diminuído, apesar do mesmo ter sido profetizado durante as suspensões dos campeonatos europeus: o preço dos jogadores.
Apesar da inflação no preço dos jogadores ter diminuído, o preço continuou a aumentar, tendo-se registado uma inflação de 6% nos valores dos jogadores com as mesmas características em relação ao ano anterior.
Ainda assim, a COVID-19 veio colocar um travão na inflação galopante a que se assistia no valor dos jogadores: a média entre 2015 e 2019 tinha sido de um aumento de 15% por ano, ou seja, o ano de 2020 representou uma quebra de nove por cento.
Contudo, os emblemas passaram a recorrer mais aos pagamentos mediante de objetivos alcançados, de forma a diminuir os riscos financeiros das contratações. Também as percentagens sobre uma mais-valia da venda de jogadores para o clube vendedor passaram a estar presentes em mais negócios, uma 'jogada' que ajuda a que os clubes vendedores diminuam o valor pedido por um jogador, com a perspetiva de poder ver os seus cofres reforçados com uma futura venda do mesmo.
Resumindo, os clubes dos 'big five' gastaram menos dinheiro na aquisição de reforços para as equipas, apostando mais nos negócios a 'custo zero' e nos empréstimos. Já o preço dos jogadores continuou a subir à semelhança do que vem a acontecer nos últimos anos, mas desta vez com uma subida menor que a média dos últimos quatro anos.
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