Os clubes nacionais precisam de um “olhar abrangente” no plano fiscal para elevarem a sua competitividade nas competições europeias, defendeu hoje o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença.
Numa mensagem publicada no sítio oficial do organismo na Internet, o dirigente adverte que, “por muita importância” que a centralização dos direitos audiovisuais tenha, não se pode “olhar para este processo como a única panaceia” para ampliar o nível qualitativo.
“É preciso que todos tenham noção das enormes desigualdades que as nossas equipas tantas vezes brilhantemente disfarçam quando enfrentam adversários internacionais, a quem são dadas melhores condições para reterem e contratarem talento - muitas vezes, esse nosso talento, que já vamos tendo dificuldades em reter -, para poderem constituir equipas mais fortes e para serem, no fundo, mais competitivas”, avaliou Pedro Proença.
Vitória de Guimarães e Arouca foram afastados em agosto nas pré-eliminatórias da Liga Conferência Europa, ao cederem frente aos eslovenos do Celje, logo na segunda ronda, e aos noruegueses do Brann, na terceira, respetivamente, impedindo Portugal de ter qualquer representante na fase principal da terceira prova da UEFA pela terceira edição seguida.
“Temos de voltar a colocar, urgentemente, o tema dos custos de contexto inerentes à atividade do futebol em cima da mesa. É inevitável. Não podemos ser para sempre uma indústria marginalizada face a outras, com muito menos peso na economia! Não se pode ter para sempre os clubes que mais alta carga fiscal suportam, quando comparados com aqueles com os quais temos de competir a nível internacional!”, elencou o líder da LPFP, incidindo “na maior carga orçamental” para cumprir as obrigações associadas a seguros.
As prestações nacionais na Liga Conferência Europa têm contrastado com os resultados obtidos na Liga dos Campeões, prova na qual Portugal chegou a 2023/24 com um inédito registo de três clubes englobados na fase de grupos em outras tantas edições seguidas.
O campeão nacional Benfica, o FC Porto e o Sporting de Braga, que regressará à ronda principal 11 épocas depois, vão disputar a 69.ª edição da principal competição de clubes europeus, enquanto o Sporting será o único clube luso na mesma fase da Liga Europa.
“Estas últimas épocas, no que às presenças na ‘Champions’ dizem respeito, têm corrido bem. Os clubes portugueses fazem verdadeiros milagres. Mas, se quisermos fazer uma análise verdadeiramente séria e honesta, temos (todos) de reconhecer que nem tudo é perfeito. Não podemos esconder o facto de as nossas equipas médias não conseguirem ser tão competitivas a nível internacional, algo que prejudica todas as outras”, lamentou.
Em 2022/23, Portugal foi superado pelos Países Baixos na sexta posição do ranking da UEFA, que, a partir de 2024/25, época de estreia da nova ‘Champions’, passará a atribuir cinco vagas aos clubes nacionais nas três competições europeias, contra as atuais seis.
“Não podemos encolher os ombros perante um sistema de pontuação desajustado, que permite que um país que faça 75% dos seus pontos na Liga dos Campeões perca uma posição no ranking para outro que garantiu 85% da pontuação na Liga Europa e na Liga Conferência - como se todas as provas pudessem valer o mesmo”, frisou Pedro Proença, consciente de que “é hora de todos” se unirem e fazerem “algo pelo futebol” português.
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