Renato Paiva, treinador da equipa B do Benfica, concedeu uma entrevista ao portal 'TheSportsman', na qual falou de João Félix e da evolução que o atual jogador do Atlético de Madrid teve desde que chegou ao Seixal, onde foi treinado por si nos sub-17.
"Quando chegou ao Benfica estava desmoralizado, mas o Benfica foi muito importante e deu-lhe uma nova vida. Eu treinava os sub-17 quando o João chegou do FC Porto e fui o primeiro treinador dele no Benfica. Chegou numa situação complicada porque não jogava, era muito magro e o FC Porto queria outro tipo de jogadores, mais fortes", começou por dizer o técnico em Wesham, norte de Inglaterra, após o jogo que a equipa B dos 'encarnados' realizou esta quarta-feira com o Hertha Berlim (vitória por 2-1) para a Premier League International Cup.
"Na primeira semana de treinos, estava a vê-lo a trabalhar e disse ao meu adjunto: 'O que temos aqui? Estás a ver o mesmo que eu? O que temos aqui é um diamante. Como é possível este rapaz não jogar no FC Porto?' Fazia coisas que nunca tinha visto. Em todas as sessões de treino fazia coisas que ninguém esperava. É um jogador imprevisível, com grandes atributos, tanto técnicos como táticos. Mesmo fisicamente é bastante inteligente pela forma como evita o contrato. É um jogador muito completo", elogiou.
Renato Paiva partilhou ainda alguns episódios que mostram a ligação que João Félix mantinha com os escalões de formação, mesmo quando já estava na equipa principal do Benfica. "
Eu treinava os sub-19 e tínhamos um jogo à tarde com o FC Porto e, uma hora e meia antes do jogo, vi o João, que tinha treinado de manhã, a conversar com os diretores e treinadores da sua antiga equipa. Ou seja, acabou o treino e não foi descansar nem foi ter com raparigas [sorri], mas quis ir recordar os seus primeiros tempos de jogador, de uma forma humilde", revelou.
O técnico lembrou ainda que no dia a seguir à sua estreia pela equipa principal do Benfica, no Bessa com o Boavista no dia 18 de agosto de 2018, João Félix telefonou-lhe a perguntar se estava na academia e se podia ir ter com ele. "Ele chegou e deu-me a camisola que utilizou nesse jogo e disse-me: 'Isto é para si, obrigado por tudo aquilo que fez por mim porque foi o meu primeiro treinador aqui e eu estava muito mal naquela altura'. Isto mostra que tem uma boa família, uma boa educação e explica que tudo isso ajuda os jogadores", frisou.
Na mesma entrevista, Renato Paiva assumiu que a transferência do jovem para o Atlético Madrid não lhe encheu as medidas: "Disse Manchester City ou Barcelona. O City por causa do Pep Guardiola ou o Barcelona devido à forma como jogam. Creio que as características do João são melhores nesse tipo de jogo. Respeito, pelo amor de Deus... Respeito imenso o Atlético Madrid. Mas a ideia do City parece-me que era melhor para ele, especialmente estando com o Pep."
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