O bicampeão Sporting e o Benfica, vencedor da Taça da Liga, fecham hoje a época futebolística nacional ao mais alto nível no Jamor, em busca de conseguir na final da Taça de Portugal um segundo troféu em 2024/25.

A final da prova rainha do futebol português pode ser vista como uma espécie de tira-teimas, tendo em conta que cada equipa conta com uma conquista esta temporada. Pela terceira vez, os rivais lisboetas estão a disputar um galardão esta época e tudo aponta para que o jogo deste domingo seja animado.

A Taça de Portugal costuma ser marcada pela festa no Jamor, onde os adeptos se reúnem ao longo do dia. O dia é visto como um convívio prolongado, onde o fair play costuma ser um dos protagonistas.

Contudo, nem sempre foi assim e esta será a primeira vez que os dois clubes se reencontram na final da competição desde a 1996. Essa final será sempre recordada como uma das maiores tragédias do futebol português, o dia em que um adepto ‘leonino’ morreu, atingido com um very light disparado por um apoiante rival.

Em 18 de maio de 1996, sob arbitragem de Vítor Pereira, o Benfica ganhou por 3-1, com golos do argentino Mauro Airez (nove minutos) e do capitão João Vieira Pinto (39 e 67), sendo que o suplente Carlos Xavier reduziu de penálti (83).

Ainda assim, a superioridade do Benfica no relvado passaria para segundo plano antes do apito final, por causa da morte do adepto ‘leonino’ Rui Mendes, que foi atingido na bancada norte do Estádio Nacional, em Oeiras, por um foguete very light disparado a partir do topo sul por Hugo Inácio, homólogo ‘encarnado’, por ocasião dos festejos do tento inaugural de Mauro Airez.

O jogo prosseguiu e a festa encarnada aconteceu, mas o episódio ficou eternizado na memória de todos aqueles que não querem que se repita.

Hugo Inácio, de 22 anos, acabaria por ser detido na zona de Cascais em julho e foi a julgamento com mais 13 arguidos, acusados de venda e posse de arma proibida e com ligações aos No Name Boys, grupo organizado de adeptos associado ao Benfica, mas sem reconhecimento oficial do clube.

Ao responder pelos crimes de homicídio com dolo eventual, posse e uso de substâncias explosivas e utilização de documentação alheia, admitiu ter sido o autor do disparo, mas garantiu que a sua única intenção era festejar o golo de Airez, alegando que não estava sóbrio e foi empurrado por alguém da claque, o que terá alterado a trajetória do foguete. A negligência grosseira custaria a Hugo Inácio quatro anos de prisão efetiva em fevereiro de 1997, com os outros arguidos absolvidos.

Em virtude das marcas que a tragédia deixou, a PSP preparou um forte dispositivo de segurança para que o dia prossiga sem incidentes e que uma final no Jamor entre Benfica e Sporting tenha memórias mais felizes para o futuro.