O Sport Comércio e Salgueiros comemora hoje o 107.º aniversário e, no âmbito das comemorações, a Câmara Municipal do Porto cedeu o Complexo Desportivo de Campanhã, naquela cidade, para ser a nova casa do clube.

Enquanto a 'casa' é arrumada (uma tarefa longa, complexa e que se prevê demorada), a equipa, atualmente na divisão de elite da AF Porto trabalha no 'coração' da cidade, depois de mais de 14 anos a jogar em casas emprestadas na periferia.

Depois de ver demolido o estádio Vidal Pinheiro, o Salgueiros começou um verdadeiro corropio para conseguir jogar. Começou por ser em Matosinhos, no Estádio do Mar (Leixões), depois houve uma mudança para Leça e, mais recentemente, jogou no Estádio Dr. Vieira de Carvalho, na Maia, e no Municipal Costa Lima, no Castêlo da Maia.

Miguel Pedro, capitão da equipa, atualmente com 34 anos, recorda-se do último jogo em Vidal Pinheiro: "Fui dos poucos que disputou o último jogo em Vidal Pinheiro. Estava lá e vi pessoas a chorar. Foi muito emocionante e triste. Por isso mesmo, e depois de tudo o que passou, foi com grande alegria que vi o Salgueiros ter uma casa. Olho para o que resta do Vidal Pinheiro e sinto nostalgia, lá fui apanha-bolas, adepto de bancada, jogador. Um dia voltaremos."

O novo estádio, que será designado como Estádio do Cerco, ainda não tem as condições pretendidas, mas tudo começa a compor-se. Para já, existe apenas uma bancada descoberta para cerca de 200 pessoas, um sintético "duro", como definiu Jorginho, uma lenda do clube salgueirista e que agora é o 'faz tudo' lá do sítio, e dois bancos de suplentes acabadinhos de montar.

Jorginho é talvez o mais saudoso dos tempos em que Vidal Pinheiro se enchia de cor para ver o 'Salgueiral' jogar.

"Era a nossa casa. Vivemos muita coisa boa lá. Bonito era que a nossa casa voltasse a ser em Paranhos. Mas assim também é bom para recomeçarmos", disse.

O trabalho no futuro Estádio do Cerco vai ser dividido em duas fases. A prioridade da direção e da SAD do Salgueiros é, segundo o presidente Pedro Santos, cobrir a bancada existente e acrescentar uma outra do lado oposto, esta amovível.

Para 2019/20 fica já programada a substituição do relvado sintético, bem como a remodelação dos balneários e a criação das infraestruturas inerentes necessárias, como enfermaria, secretaria, entre outros.

Este 'presente' foi o passo para outros patamares, uma lufada de ar fresco que trouxe ao seio do grupo novas ambições.

"Foi a solução possível, mas, se um dia subirmos para os patamares profissionais, precisaremos de mais", disse Silvestre Pereira, presidente do clube.

Um passo importante na vida conturbada do clube foi dado. Outros se seguirão e, na convicção de todos, regressarão "mais fortes".